Em causa está o apoio do novo chanceler alemão, Olaf Scholz, à medida, cuja lei deverá ser debatida ainda este mês no parlamento, com as sondagens a mostrarem que a maioria dos alemães é favorável a uma eventual obrigatoriedade, enquanto uma minoria se manifesta contra.
“A situação excecional de uma pandemia aumenta a pressão para que o Estado aja, mas não substitui a exigência de pesar argumentos e equilibrar interesses”, defendeu Steinmeier no início de uma mesa-redonda sobre o tema com a presença de cidadãos.
“A obrigatoriedade de uma vacina significa uma obrigatoriedade de debate”, sustentou.
Steinmeier, cujo papel é em grande parte cerimonial, disse que não tomará partido no debate, pelo que exortou os envolvidos a “respeitarem outras posições” e também “os factos e razões que devem ser e continuar a ser a moeda comum”.
O Presidente alemão considerou como “alegações completamente sem sentido” as posições que apontam que a pandemia transformou a Alemanha numa “ditadura”, argumentando que tais suposições “trazem desprezo” às instituições democráticas e ao Estado de direito do país.
“Entre amigos, no trabalho, nas escolas, nas creches, nas clínicas e asilos, nas câmaras municipais, nos centros de saúde e nos parlamentos, todos estão a tentar descobrir o que é preciso ser feito” para combater a pandemia, lembrou Steinmeier.
“E é exatamente disso que traz essa luta democrática, também para nós aqui hoje neste debate”, acrescentou.
Entre os participantes no debate esteve uma enfermeira de Colónia e o chefe de uma casa de repouso em Berlim, que enfatizaram o quão essencial é ser vacinado para que especialmente os mais vulneráveis da sociedade – em particular os doentes e os idosos – possam ser protegidos do vírus.
Cornelia Betsch, professora de comunicação em saúde, destacou que muitas das pessoas que recusam a vacinação anti-Covid-19 têm simplesmente medo e criticou as autoridades por, no início da pandemia, terem perdido muitas oportunidades de explicar melhor a segurança e a importância das vacinas.
“Muitas pessoas têm simplesmente medo de serem vacinadas e a obrigatoriedade pode criar sentimentos contrários”, argumentou, acrescentando que são precisos mais esforços para informar os que hesitam sobre as vantagens da vacina.
Cerca de 72,2% dos alemães são considerados “totalmente vacinados”, enquanto pelo menos 44,2% receberam uma dose de reforço adicional.
Nas últimas 24 horas, a agência de controlo de doenças da Alemanha registou 80.430 novos casos de Covid-19, um novo recorde desde o início da pandemia, bem como 384 mortes associadas à doença.
Entre os que se opõem à obrigatoriedade da vacina estão alguns membros do Partido Liberal Democrata (FDP), força que integra a coligação governamental alemã tripartida, bem como o ex-ministro da Saúde alemão, que prometeu no verão passado que não iria tomar essa medida.
Os líderes políticos concordaram em permitir que os deputados votem de acordo com a sua própria consciência e não de acordo com as linhas partidárias sobre a questão.
A proposta de obrigatoriedade da vacina também tem sido alvo de críticas de ativistas anti-vacinas, que têm protestado nas ruas contra as restrições à pandemia.
LUSA/HN
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