“Estamos em negociações estreitas com a Pfizer para vermos o que pode ser feito para tornar o medicamento deles disponível no continente e acessível ao continente, o Paxlovid”, disse John Nkengasong na sua conferência de imprensa semanal por videoconferência desde Adis Abeba, a sede do África CDC.
O cientista explicou que o África CDC está “ativamente envolvido” nesse objetivo porque acredita que em 2022 será necessária uma combinação de três abordagens para manter a pandemia sob controlo.
“Uma é aumentar a vacinação, a segunda é expandir os testes e a terceira é garantir que há um tratamento disponível e facilmente acessível”, disse.
Nkengasong explicou a importância do tratamento com a eventualidade de surgir uma nova variante tão transmissível como a Ómicron, mas que provocasse doença grave, o que esgotaria o sistema hospitalar.
“A única forma de aliviar [os hospitais] seria termos um medicamento como o Paxlovid, que permitisse que as pessoas tomassem o comprimido e ficassem em casa”, afirmou.
O virologista defendeu também como prioritária a necessidade de descentralizar a distribuição de testes “para que as pessoas possam testar-se ao nível comunitário e tomar medidas ao nível individual”.
“Longe vão os dias em que fazíamos rastreamento de contactos. Hoje é muito difícil porque o vírus está em toda a parte. Mas acredito que com o alargamento da testagem podemos realmente continuar a fazer a diferença no controlo do vírus”, disse.
O diretor do África CDC reiterou ainda o apelo à vacinação, num continente em que apenas 10,1% da população está completamente vacinada, mas onde apenas 60% das vacinas recebidas foram administradas.
“As vacinas salvam vidas e é apenas através da vacinação, combinada com outros fatores, que vamos sair desta crise”, sublinhou.
Segundo Nkengasong, as populações no continente tendem a acorrer à vacinação em períodos de pico de infeções e de hospitalizações, o que não é suficiente.
O responsável disse compreender que os países tornem a vacinação obrigatória, “se a população não está pronta para tomar as vacinas que os governos e o África CDC se esforçaram tanto para trazer para o continente”.
O Paxlovid é um medicamento antiviral oral que reduz a capacidade do SARS-CoV-2 (o coronavírus que causa a Covid-19) de se multiplicar no corpo.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) está a avaliar o pedido da farmacêutica Pfizer para a comercialização do medicamento, destinado a casos leves e moderados de Covid-19.
LUSA/HN
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