Coreia do Norte respondeu à pandemia com mais isolamento e repressões

13 de Janeiro 2022

A Coreia do Norte “continua a ser um dos países mais repressivos do mundo” e o regime respondeu à atual pandemia com “mais isolamento e repressão”, indica o relatório anual da organização Human Rights Watch (HRW), esta quinta-feira divulgado.

Em 2021, o Governo norte-coreano manteve ativas “medidas extremas e desnecessárias” que já havia ativado em 2020 “sob o pretexto de se proteger contra a propagação da covid-19”, apesar de ainda não ter comunicado oficialmente à Organização Mundial da Saúde (OMS) um único caso de infeção.

Essas medidas incluíram o fecho total das fronteiras, uma restrição ainda maior de movimentos dentro do território nacional e limitações à “distribuição de alimentos e outros produtos”, acrescenta o relatório da HRW, que analisa a situação global dos direitos humanos no ano passado.

Os guardas norte-coreanos têm ordens, desde agosto de 2020, para atirar em quem se aproxime das linhas de fronteira como medida de prevenção contra a Covid-19.

A organização de defesa dos direitos humanos lembra que o próprio líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, admitiu, em 2021, as dificuldades económicas sofridas pelo país, que também é alvo de várias sanções internacionais.

Juntam-se as denúncias que a HRW e outras organizações fazem há anos sobre a situação dos direitos dos norte-coreanos, a quem o regime subjuga “através de ameaças de execução, prisão, desaparecimentos forçados e trabalhos forçados em centros de detenção e campos de prisioneiros”.

O relatório enfatiza que o regime de Kim Jong-un “não tolera o pluralismo, proíbe a imprensa independente e as organizações da sociedade civil e sindicatos e nega sistematicamente todas as liberdades básicas, incluindo as de expressão, reunião, associação e religião”.

Recorda que as autoridades “enviam regularmente os opositores para “campos secretos de prisão política”, os chamados “kwanliso”, situados em regiões remotas e onde os esperam torturas, alimentação insuficiente e trabalhos forçados.

A HRW também observa que o regime obriga os seus cidadãos a fazer “trabalho forçado e não remunerado” para “construir infraestruturas e outros projetos de obras públicas” e não protege muitos grupos em situação de risco, “incluindo mulheres, crianças e deficientes”.

Nesta área, a HRW lembra que mulheres e raparigas na Coreia do Norte sofrem abusos sexuais e de género sistemáticos.

“Enquanto isso, o Governo continua a dar prioridade ao desenvolvimento de armas, tendo realizado testes de mísseis em março, setembro e outubro” de 2021, conclui o relatório.

LUSA/HN

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