“Nunca me viram a acusar ninguém de ladrão, nem de incompetente, nem de negligente. O que eu digo e continuo a dizer é: em São Tomé e Príncipe, como em qualquer parte do mundo, há profissionais excelentes, há bons, há maus, há muito maus e há aqueles que nem nasceram para a profissão”, afirmou Edgar Neves, em reação aos comunicados dos sindicatos dos profissionais de Saúde da Ordem dos Médicos.
Esta semana, os sindicatos dos profissionais de saúde são-tomenses afirmaram que estão “ainda mais distantes” do ministro da Saúde, após este ter referido que “há incompetência e as vezes negligência, e o pior ainda o casamento das duas coisas” no sistema nacional de saúde são-tomense.
Ontem a Ordem dos Médicos referiu em comunicado que “não irá encobrir atos de incompetência ou negligência” que admite “que possa ocorrer com alguns dos seus associados”, mas “não aceita que de forma pública seja conotada de forma generalizada que o que reina nos hospitais é a incompetência” dos “corajosos médicos”.
“Não há confusão nenhuma, não há necessárias guerrilhas caseiras que eu não vejo sentido, sobretudo no momento em que temos todos que nos concentrar no combate a pandemia da covid-19 e as outras endemias”, reagiu ontem o ministro da saúde, considerando que “pode haver outras intenções por detrás” das declarações dos sindicatos e da Ordem.
Edgar Neves reafirmou “que há desvios” de medicamentos no Sistema Nacional de Saúde e referiu que “a própria líder sindical questionou se os desvios vêm de cima ou de baixo”, o que significa que “admite os desvios”.
“A maior responsabilidade não é de quem desvia: é nossa enquanto gestores […] Se as coisas continuam a acontecer é porque eu enquanto gestor tenho a obrigação de tudo fazer para corrigir”.
Para o ministro está a ser feito “um cavalo de batalha desnecessário” uma vez que os desvios de medicamentos têm sido feitos “há mais de 40 anos”, por isso considera que “não é necessário fazer uma tempestade em copo de água para uma questão” que afirma que todos sabem.
Segundo o ministro da Saúde os desvios vão além dos medicamentos recaindo também em equipamentos informáticos como computadores e outros, mas ninguém tem sido responsabilizado.
“Desapareceram várias coisas no hospital […], sem sinais de arrombamento, que tem que ser gente lá de dentro. Isso é inegável, mas ninguém tem o dedo acusador, nem poderia fazer. A maior responsabilidade é nossa e assumimos isso”, relatou Edgar Neves.
Quanto à declaração da Ordem dos Médicos, que referiu ontem que “há situações e falhas graves” no Sistema Nacional de Saúde são-tomense “que se perpetuaram e se tornaram doenças crónicas”, o ministro lamentou e referiu que terá oportunidade de as analisar com a Ordem.
“Eu lamento que de 2014 a 2018 a Ordem não se tenha pronunciado uma única vez e agora está tudo mal”, disse Edgar Neves, remetendo ao período do Governo de maioria absoluta da Ação Democrática Independente (ADI), liderado pelo ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada.
LUSA/HN
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