Em nota de imprensa esta segunda-feira enviada à agência Lusa, a UC especificou que o projeto contou com a participação da Universidade Federal da Bahia e da Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil, e que os produtos são “inovadores de origem natural, seguros e de baixo impacto ecológico”.
“Os produtos desenvolvidos – distribuídos por duas gamas, uma para eliminar as larvas em água e outra para ser utilizada em armadilhas de captura de insetos – têm na sua base óleos naturais, extraídos de plantas nativas do Brasil e da Ásia, combinados com polímeros biodegradáveis, e recorrem a técnicas e solventes ‘verdes’ e de baixo impacto ambiental. Têm ainda a particularidade de permitirem a libertação controlada dos princípios ativos de forma eficiente”, referiu a Universidade.
Citado na nota, o coordenador do projeto, Hermínio Sousa, investigador do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) da UC, explicou que as fórmulas desenvolvidas se distinguem por serem “biodegradáveis, sem propriedades tóxicas ou perigosas para humanos, animais e meio ambiente”, tendo sido pensadas para “serem usadas, de uma forma generalizada, no controlo de mosquitos do género Aedes (Aedes aegypti, Aedes albopictus e Aedes japonicus), insetos vetores de doenças como a Dengue, Zika, febre Chikungunya, febre amarela e febre do Nilo Ocidental”.
Segundo a informação, os testes já realizados em laboratório revelaram que estes produtos são uma alternativa eficaz aos larvicidas e inseticidas sintéticos.
“De facto, as formulações já desenvolvidas demonstraram ser eficientes em termos das suas atividades larvicidas para o A. aegypti, seguras e de baixo impacto ecológico. Foram ainda desenvolvidas estratégias que permitiram obter produtos e formulações que podem manter a sua eficiência por períodos bastante longos de tempo”, descreveu o docente.
A nota ressalvou ainda que, apesar de os testes terem apresentado resultados francamente promissores, ainda são necessários mais estudos para estes produtos chegarem ao mercado.
“No caso das larvas, é necessário, por exemplo, otimizar a dose, isto é, verificar se é possível obter a mesma eficácia com uma dose menor. Atualmente, estamos a desenvolver mais estudos para verificar a eficiência e a segurança das formulações em termos das atividades atrativas para os mosquitos da espécie A. aegypti, para a sua captura em armadilhas”, detalhou Hermínio Sousa.
Lembrando que, no contexto das alterações climáticas, estes mosquitos podem disseminar-se e estabelecer-se em todo o mundo, de forma muito rápida, e que a Dengue, Zika, Chikungunya, febre amarela e febre do Nilo Ocidental já constituem um problema muito grave de saúde pública em vários países do mundo, Hermínio Sousa sublinhou que é urgente “desenvolver múltiplos meios para o controlo eficiente e seguro destes insetos nos meios rurais e urbanos, tanto nas regiões tropicais como nas regiões subtropicais e de clima temperado, e particularmente nos países ibero-americanos e mediterrânicos, como Portugal”.
O passo seguinte da investigação, adiantou o coordenador do projeto, será explorar novas abordagens e desenvolver novos estudos, de modo a “expandir o conhecimento já adquirido, quer no combate aos outros dois insetos vetores (A. albopictus e A. japonicus) associados a estas doenças, quer no uso de outros compostos naturais com atividade biológica para o seu controlo e de novas formulações e produtos que possam ser comercializados e utilizados pela população em geral”.
Este projeto, designado “Formulações inovadoras de base natural para o controle do Aedes aegypti nas regiões ibero-americanas”, envolve ainda a participação de outros investigadores do CIEPQPF-UC (Mara Braga, Marisa Gaspar, Ana Dias e Carla Maleita) e foi realizado ao longo dos últimos quatro anos no âmbito de uma cooperação bilateral entre Portugal e o Brasil, tendo sido financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Ministério da Educação do Brasil).
LUSA/HN
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