Robô fez primeira cirurgia laparoscópica sem mão humana

27 de Janeiro 2022

Um robô conseguiu fazer a primeira cirurgia laparoscópica praticamente sem intervenção humana e, segundo a equipa de investigadores da universidade norte-americana que o desenhou, com melhores resultados, de acordo com um artigo publicado quarta-feira na revista Science Robotics.

A experiência foi conduzida em porcos e o robô desempenhou-a “com resultados significativamente melhores do que seres humanos no mesmo procedimento”, afirmou o professor de engenharia mecânica Axel Krieger, da faculdade de engenharia da Universidade Johns Hopkins, instituição onde foi criado o robô STAR (Smart Tissue Autonomous Robot).

“Os resultados mostram que podemos automatizar uma das tarefas cirúrgicas mais delicadas e complexas: voltar a ligar duas extremidades de um intestino”, acrescentou.

A operação realizada através de pequenas incisões no abdómen chama-se anastomose intestinal e requer um alto nível de precisão, bem como movimentos repetitivos, sem tremer de mãos ou suturas mal colocadas, que podem levar a fugas na junção dos tecidos com consequências catastróficas para os doentes.

O robô foi criado com a ajuda de investigadores do hospital pediátrico nacional norte-americano, em Washington, e usa um sistema guiado pela visão criado especificamente para suturar tecidos moles.

Trata-se de um modelo aperfeiçoado do que em 2016 operou com sucesso o intestino de um porco, mas com necessidade de uma grande incisão e orientação humana.

As intervenções em tecidos moles são especialmente difíceis de serem feitas por robôs por causa da imprevisibilidade, que os obriga a terem que adaptar as suas ações face a obstáculos inesperados, mas o STAR tem um sistema de controlo que lhe permite ajustar em tempo real o plano da cirurgia, como faria um ser humano.

“A anastomose robotizada é uma das formas de garantir que as tarefas cirúrgicas que exigem alta precisão e repetitividade podem ser desempenhadas com mais precisão em todos os pacientes, independentemente da habilidade do cirurgião”, afirmou Krieger, prevendo que o resultado será “uma democratização” do cuidado aos pacientes, “com resultados mais previsíveis e consistentes”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Um terço dos portugueses desconhece direito a segunda opinião médica

Trinta por cento dos cidadãos inquiridos num estudo pioneiro não sabem que podem solicitar uma segunda opinião médica. O desconhecimento dos direitos na saúde é particularmente preocupante entre doentes crónicos, que são quem mais necessita de navegar no sistema

Internamentos sociais disparam 83% em dois anos e custam 95 milhões ao SNS

A taxa de internamentos considerados inapropriados – situações que poderiam ser tratadas em ambiente não hospitalar – cresceu quase 20% nos últimos dois anos. Os custos associados a estas permanências dispararam 83%, pressionando a sustentabilidade financeira do sistema de saúde e revelando falhas na articulação com a rede social

Quase 15% dos utentes continuam sem médico de família atribuído no SNS

Apesar de uma ligeira melhoria em 2024, 14,5% dos utentes inscritos nos cuidados de saúde primários continuam sem médico de família atribuído. As assimetrias regionais são gritantes, com Lisboa e Vale do Tejo a concentrar a maior fatia desta carência, levantando sérias questões sobre a equidade no acesso à saúde

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights