Bruxelas quer deteção precoce do cancro na UE e fim das desigualdades no tratamento

2 de Fevereiro 2022

A Comissão Europeia lançou esta quarta-feira medidas para assegurar a deteção precoce do cancro em 90% da população europeia mais vulnerável à doença até 2025 e o combate às desigualdades na prevenção e tratamento na União Europeia (UE).

A poucos dias do Dia Mundial Contra o Cancro, que se assinala na sexta-feira, o executivo comunitário anunciou, num evento em Bruxelas contra as disparidades de género no combate à doença nas mulheres, “quatro novas ações do Plano Cancro da UE para apoiar os Estados-membros a combater as desigualdades, a melhorar o rastreio e a vacinação contra o vírus do papiloma humano e apoiar as pessoas que tenham tido cancro”.

No que toca à deteção, a instituição estipulou o objetivo de assegurar que, até 2025, 90% da população da UE que preenche os critérios para o rastreio do cancro da mama, do colo do útero e do cancro colorretal possa ter acesso a essa despistagem.

Para o alcançar, a Comissão Europeia apresenta agora um novo programa de rastreio, que assenta em melhorias em matéria de acesso, qualidade e diagnóstico e do auxílio prestado aos Estados-membros.

Hoje, o executivo comunitário lança também uma estrutura de Registo de Desigualdades do Cancro, visando identificar tendências e disparidades entre os países e regiões europeias para, assim, emitir orientações sobre investimentos e intervenções ao nível da UE, nacional e regional.

Acresce uma ação comum de vacinação contra o vírus do papiloma humano, com o intuito de aumentar a compreensão e sensibilização para a doença e promover a adesão à inoculação, ação que se enquadra no objetivo de eliminar o cancro do colo do útero de pelo menos 90% da população alvo da UE (as raparigas) e aumentar significativamente a vacinação de rapazes até 2030.

A quarta ação incide sobre a criação de uma Rede de Jovens Sobreviventes do Cancro da UE para reforçar o acompanhamento a longo prazo dos planos de tratamento do cancro a nível nacional e regional.

Dados de Bruxelas revelam que, em média, o cancro afeta ligeiramente mais os homens do que as mulheres na Europa, o equivalente a 54% dos novos casos e 56% das mortes.

No entanto, o cancro da mama feminino é o cancro mais diagnosticado, tendo atingido mais de 355 mil mulheres na UE em 2020.

Dentro da UE, existem desigualdades entre os Estados-membros e entre grupos populacionais nas áreas de deteção precoce, diagnóstico, tratamento e qualidade dos cuidados prestados aos doentes, pelo que a redução destas disparidades em todo o percurso da doença é o objetivo global do Plano Europeu de Luta contra o Cancro.

O Plano Europeu de Luta contra o Cancro, lançado em 2021, é um compromisso político para inverter a situação no combate à doença, visando tornar a UE mais bem preparada e mais resiliente.

A este plano serão alocados quatro mil milhões de euros de financiamento, incluindo 1,25 mil milhões de euros do futuro Programa UE pela Saúde.

Em 2020, na UE, foi diagnosticado cancro em 2,7 milhões de pessoas e mais 1,3 milhões de pessoas não sobreviveram à doença, incluindo mais de 2.000 jovens.

A previsão de Bruxelas é que, se não forem tomadas medidas, os casos de cancro deverão aumentar 24% até 2035, tornando-se a principal causa de morte na UE.

LUSA/HN

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