Liga dos Bombeiros diz que verba do PRR para combate a incêncios é insuficiente

6 de Fevereiro 2022

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, considerou insuficientes as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o combate a incêndios, defendendo que deve ser reforçada.

“A verba que está hoje consignada diretamente no PRR nos fundos florestais para o combate aos incêndios florestais, nós consideramos insuficiente. Achamos que devia ser reforçada”, afirmou aos jornalistas António Nunes.

O presidente do Conselho Executivo falava em Ourém, no distrito de Santarém, após uma reunião extraordinária do Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), órgão máximo entre congressos.

Antonio Nunes disse que podem ser encontradas outras rubricas orçamentais e “até outras rubricas de fundos comunitários para isso”, insistindo que a verba que “está neste momento em cima da mesa, em discussão, é manifestamente insuficiente”.

Segundo o presidente da Liga, que tomou posse em 08 de janeiro, o PPR prevê atribuir, no que diz respeito a veículos de combate a incêndios, “cerca de 47 veículos”.

“Achamos que o mínimo que deveria ser para Portugal eram 100 veículos”, declarou, observando que “os bombeiros portugueses, desde há cerca de 20 anos, que não têm tido reequipamento de material que não seja, exclusivamente, por fundos comunitários, o que não era uma tradição”.

A este propósito, António Nunes observou que no Ministério da Administração Interna “há um plano de reequipamento para as forças de segurança, mas não há um plano de reequipamento para as forças de socorro”, pedindo tratamento igual para bombeiros e forças de segurança.

“As forças de socorro e de segurança têm de estar no mesmo patamar e se se investiu cerca de 400 milhões de euros para a reabilitação de esquadras, de postos, atribuição de viaturas – e corretamente – (…), era bom que o Orçamento do Estado passasse a ter uma verba anual, como teve no passado, para o reequipamento dos corpos de bombeiros”, adiantou.

Segundo o presidente da Liga, só assim é que se deixa de querer distribuir viaturas pelos corpos de bombeiros “pondo como um dos critérios ‘quem tiver viaturas com mais de 20 anos’”.

Ao colocar este critério, faz-se uma ‘mea culpa’ de que se aceita que “haja viaturas com mais de 20 anos que estejam a socorrer cidadãos ou a combater incêndios florestais”, alertou, referindo que tal “é absolutamente inaceitável” que “aconteça em Portugal como um país da Europa”.

Para o presidente da LBP, “o Governo deve considerar um plano de reequipamento de médio prazo”, olhando para “os riscos e as vulnerabilidades de cada uma das áreas de atuação dos corpos bombeiros”, os efetivos a cada momento e a capacidade de resposta que as corporações devem ter.

A Liga dos Bombeiros Portugueses representa 20 federações de bombeiros que por sua vez representam 469 associações de bombeiros.

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, a designada “bazuca”, tem o valor de 16,6 mil milhões de euros – 13,9 mil milhões de euros em subvenções e 2,7 mil milhões de euros em empréstimos.

LUSA/HN

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