Madeira mantém exigência de teste para crianças não vacinadas em atividades desportivas

8 de Fevereiro 2022

O Governo da Madeira reafirmou esta terça-feira que vai continuar a exigir teste antigénio negativo às crianças não vacinadas contra a Covid-19 para participar em atividades extraescolares desportivas, justificando a medida com a defesa da saúde pública.

“Não vamos ceder. As crianças têm de ser vacinadas a bem da saúde pública e se não estiverem vacinadas têm de apresentar teste negativo para participar em atividades extraescolares desportivas”, afirmou o chefe do executivo madeirense, Miguel Albuquerque.

“E daqui não saímos”, reforçou.

O governante falava na Assembleia Legislativa da Madeira, no debate mensal com a presença dos membros do executivo, hoje subordinado à análise da atual situação da pandemia de Covid-19 na região.

Sérgio Gonçalves, deputado do PS e candidato à liderança da estrutura regional do partido, acusou o Governo de coligação PSD/CDS-PP de agir de forma “autoritária e incoerente” na gestão da pandemia, avançando com medidas “erráticas e confusas”, por vezes corrigidas ao cabo de poucos dias, com “avanços e recuos”.

O parlamentar socialista disse que o executivo anda aos “ziguezagues” e está a “fazer chantagem” com os pais que têm receio em vacinar os filhos, impedindo as crianças de participar em certas atividades desportivas extraescolares, forçando-os a apresentar teste negativo pago pelos próprios.

O presidente do Governo Regional respondeu dizendo que as autoridades madeirenses trabalham com “dados e evidências científicas” e essas indicam que a solução para conter a pandemia passa pela vacinação.

Miguel Albuquerque recordou ainda que, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022, foram registadas cerca de 2.300 crianças infetadas com SARS-CoV-2 na região, sendo que atualmente a taxa de inoculação na faixa etária entre os cinco e os 11 anos é de 32%, num universo de cerca de 15 mil utentes.

“A proteção das crianças é através da vacinação ou da testagem. E disto não saímos”, salientou.

O líder do Governo Regional indicou, por outro lado, que o objetivo do executivo é integrar, no futuro, a vacina contra a Covid-19 no plano regional de vacinação e criticou o PS pelas posições que assume contra as medidas adotadas no arquipélago.

“Querem utilizar a pandemia para fazer política barata, mas connosco não têm nenhuma oportunidade”, declarou.

O deputado socialista Sérgio Gonçalves insistiu na “falta de transparência” do Governo Regional, acusando-o de “trapalhada” e de ser incapaz de tomar medidas baseadas na auscultação dos partidos com representação parlamentar, dos parceiros sociais e de outras entidades, como acontece ao nível nacional.

A maioria PSD/CDS-PP, que suporta o executivo madeirense em coligação, lembrou várias vezes que foram já realizados seis debates mensais sobre a situação da Covid-19, pelo que não faltou oportunidades para a oposição discutir e propor medidas.

A oposição esteve, contudo, unida nas críticas ao Governo pela forma “autoritária” como gere a pandemia.

Rafael Nunes, do JPP, disse que o executivo anda “desnorteado”, alterando com frequência medidas no espaço de pouco tempo, o que cria “desconfiança e descrença” na população e “retração na economia”.

O deputado do Juntos Pelo Povo alertou, por outro lado, para o impacto da pandemia nos doentes não Covid-19, com o alegado aumento do número de utentes em lista de espera para consultas, cirurgias e exames.

Já o deputado único do PCP, Ricardo Lume, afirmou que o Governo usa a pandemia como “biombo para não discutir outras questões” e corroborou a posição do JPP e do PS, ao considerar como “autoritária” a atitude do executivo.

A Covid-19 provocou pelo menos 5.737.468 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.258 pessoas e foram contabilizados 2.932.990 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.

LUSA/HN

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