A preocupação pela falta de médicos nas extensões de saúde de Óbidos, no distrito de Leiria, foi manifestada pela Câmara no início no ano, face ao risco de o concelho ficar reduzido a apenas dois médicos no ativo a partir deste mês.
Em comunicado, a comissão política do PCP lembra hoje que “há largo tempo” alerta para a escassez “de meios financeiros, humanos e de equipamentos” no concelho, defendendo que “o grave problema da falta de médicos no Centro de Saúde de Óbidos só se resolve com a urgente contratação de novos profissionais que venham substituir as faltas existentes e a quem devem ser dadas as justas condições de trabalho, para garantir a sua permanência no Serviço Nacional de Saúde”.
Na nota, o PCP considera importante “associar a estes graves problemas no campo dos cuidados primários” as “graves insuficiências no que toca aos cuidados hospitalares promovidos pelo Centro Hospitalar do Oeste que não consegue dar resposta às elevadíssimas solicitações das populações, devido à dimensão, em meios humanos, equipamentos e instalações reconhecidamente insuficientes”.
“Aqueles que agora se manifestam preocupados com a situação que se vive em Óbidos, designadamente, a maioria PSD na Câmara Municipal, são os mesmos que nos sucessivos governos de maioria PSD com ou sem CDS, promoveram cortes orçamentais, encerraram serviços, impediram o recrutamento de novos efetivos e retiraram direitos aos trabalhadores da saúde”, acusa o partido no comunicado, em que culpa igualmente “os governos do PS que acompanharam estas políticas”.
No documento, o PCP recusa que a solução para o problema dos cuidados primários de Saúde em Óbidos passe pela “entrega a privados destes mesmos serviços”, discordando da solução avançada pelo presidente autarquia, que admitiu um entendimento entre a Câmara, o Agrupamento de Centros de Saúde [ACES] Oeste Norte e a Santa Casa da Misericórdia de Óbidos para “a contratação de médicos reformados, para alegadamente suprir as faltas existentes”.
Pelo contrário, os comunistas defendem que o direito à saúde da população de Óbidos “passa pelo reforço do SNS, no seu financiamento não como condição única, mas como alicerce para responder aos problemas dos seus profissionais, às carências de equipamentos e meios, aos problemas dos utentes, como serviço público, universal, geral e gratuito”.
A concelhia do PCP garante também continuar a lutar para que o Centro de Saúde de Óbidos seja dotado dos médicos de família, outros profissionais de saúde, equipamentos e instalações que garantam “um atendimento na saúde digno”, bem como pela construção de um novo hospital público do Oeste, a que a população do concelho possa aceder “com a garantia de um atendimento urgente ou não urgente digno e eficaz”.
Em janeiro, o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel (PSD), disse à agência Lusa que o concelho estava em risco de ficar, em fevereiro, com apenas dois médicos para mais de 9.800 utentes, reivindicando soluções urgentes para evitar o fecho de quatro das seis extensões de saúde.
O território, que deveria ser servido por um quadro de sete médicos, contou durante os últimos anos com apenas cinco. No último trimestre de 2021, o efetivo foi reduzido para três, dos quais uma médica já tinha pedido para deixar as funções. Com a saída da médica, Óbidos ficará com apenas duas profissionais no concelho onde, atualmente, cerca de 4.800 pessoas não têm médico de família.
A Câmara manifestou disponibilidade para contribuir para a colocação de mais médicos através de um protocolo entre a autarquia, o ACES Oeste Norte e a Santa Casa da Misericórdia, que possibilitariam a contratação de profissionais de saúde aposentados.
O ACES Oeste Norte integra os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche.
LUSA/HN
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