“Claro que estou preocupada. Eu penso que é uma questão que deva preocupar todos. Mas, como é óbvio, é uma matéria que está a ser tratada quer ao nível dos serviços de inteligência, quer ao nível das polícias e, portanto, vamos deixá-los trabalhar”, afirmou Francisca Van Dunem.
A governante falava aos jornalistas à margem da inauguração da primeira fase das obras do Estabelecimento Prisional de Viseu, naquele que assumiu ser “seguramente o último ato público” enquanto ministra da Justiça.
“Se me perguntarem se o país está preparado, eu digo que o país está preparado na medida do possível, mas também lhes digo que não há nenhum país, nem nenhuma instituição que esteja completamente imune a estes ataques”, acrescentou.
A título de exemplo, a ministra da Justiça apontou o Pentágono, a sede do Departamento da Defesa do Estados Unidos da América, que “também já foi atacado” em dezembro de 2020.
“Dizer que o país está completamente imune, nós não podemos dizer isso. O que podemos dizer é que estão criadas todas as condições para que o país se possa defender em caso de ataque”, assumiu.
Neste sentido, lembrou que “foi há muito pouco tempo aprovado, no final do ano passado, um diploma que é justamente relativo à proteção, nomeadamente, de infraestruturas críticas e das comunicações”.
“Diploma esse que agora vai ter que ser implementado com comissões especificas quer para avaliação, quer para a monitorização dos riscos em matéria de comunicações e de infraestruturas críticas”, reconheceu.
Francisca Van Dunem sublinhou que “o país conhece o momento que vive, conhece os riscos do momento que atravessa, e obviamente tem criados os mecanismos para os enfrentar”.
Questionada sobre um sentimento geral de insegurança, tendo em conta os ciberataques nos últimos dias em Portugal, a ministra admitiu que “gostaria que não se gerasse” esse sentimento”.
Referindo que esteve há pouco tempo numa reunião com o ministro da Justiça da União Europeia, Francisca Van Dunem disse que uma das grandes preocupações que existe hoje, quer no plano europeu, quer no plano internacional “é justamente na questão do cibercrime”.
No entender da governante, “o cibercrime que já vinha a crescer ainda antes da pandemia, mas agravou-se no contexto pandémico”, ao gerar “condições para o aumento do cibercrime”.
“Tanto na especialização não só de pessoas como grupos organizados que trabalham nessa área e alguns que, obviamente, o fazem por razões que têm a ver com a obtenção do lucro e que atuam não só a nível nacional, como a nível internacional”, disse.
Por entender que é um crime que tem “natureza transnacional”, Francisca Van Dunem defendeu que “o que há a fazer é a polícia dos vários países trabalharem com grande articulação, com a Europol, com a Interpol, com todas as instâncias internacionais que se dedicam a estas matérias”.
“Para, efetivamente, termos um ciberespaço com segurança, porque estes ataques não acontecem só em Portugal, têm acontecido um pouco por todo o mundo, nas mais variadas áreas e muitas vezes nestas áreas mais críticas”, acrescentou.
LUSA/HN
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