Austríacos encaram obrigatoriedade de vacinação como “último recurso”

12 de Fevereiro 2022

O presidente da Sociedade Austro-portuguesa, César Valentim, acredita que muitos austríacos consideram a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 o “último recurso”, depois da campanha de informação feita pelo Governo “ter falhado”.

A Áustria foi o primeiro país da União Europeia a decretar a vacinação obrigatória. O diploma, anunciado em novembro, foi aprovado por uma larga maioria no parlamento, e entrou em vigor no fim de semana passado, apesar da violenta contestação popular.

A partir de março, as autoridades deverão verificar aleatoriamente o cumprimento da nova lei, com multas que podem chegar aos 3.600 euros para quem desobedecer à nova diretiva.

“Muitos destes opositores à vacina vão encarar as multas como ‘imposto covid’ e pagar os 600 euros a cada 3 meses como se de mais uma fatura se tratasse”, considerou César Valentim, em declarações à agência Lusa.

“A grande maioria, inclusive crianças e adolescentes, está vacinada. Mas como dizem aqui ‘Wien ist anders’. A população é muito urbana e realista, houve algumas resistências por parte de algumas comunidades imigrantes, muito devido à desinformação existente nas redes sociais, mas rapidamente se ultrapassaram quando o acesso à gastronomia e outros serviços passaram a ser exclusivamente para vacinados”, acrescentou.

Atualmente, quase 76% dos austríacos receberam pelo menos uma dose da vacina, e cerca de 69% já estão completamente vacinados. Um número superior ao de países como os Estados Unidos, mas muito inferior a outros da Europa Ocidental.

Para a portuguesa Sónia Fernandes, a viver há dez anos na Áustria, a vacinação deveria ser um dever e não uma obrigação.

“Não devia ser obrigatório, mas sim um dever das pessoas. Mas eu, como mãe de uma criança de risco, sigo as recomendações todas. Há três anos que não vamos a Portugal para evitar pô-la em risco. Todos deviam fazer o mesmo, ter consciência. Não entendo qual o problema da vacinação”, confessou, em declarações à Lusa.

Já o português Carlos Alberto considera que algo deve ser feito para que as pessoas se vacinem.

“Quando nascemos também fomos vacinados. Protege e previne. Se chegar a quarta dose, também a tomarei”, sublinhou.

Laura Morais, há 43 anos a viver na capital austríaca, está dividida.

“Acho que devem vacinar, mas também respeitar aqueles que não querem. Mas também não estou de acordo com as manifestações, estão a tornar-se muito agressivas. E todos os sábados é demais”, admitiu.

A vacinação é, desde o dia 5 de fevereiro, obrigatória para todos os residentes na Áustria a partir dos 18 anos, com exceção dos recuperados recentemente, mulheres grávidas e pessoas com alergias comprovadas.

LUSA/HN

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André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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