OMS preocupada com grande número de angolanos sem a segunda dose da vacina

15 de Fevereiro 2022

A representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola manifestou esta terça-feira, em Luanda, preocupação com a quantidade de pessoas que apanharam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e ainda não regressou para tomar a segunda.

Djamila Cabral, que comentava, em declarações à agência Lusa, a redução significativa de casos de Covid-19 no país, depois do registo, entre dezembro de 2021 e janeiro deste ano, de um aumento drástico de casos, disse que é preciso as autoridades continuarem a incentivar as pessoas a fazer a sua vacinação e no caso de Angola “principalmente, a segunda dose”.

“É muita gente que já tomou a primeira dose, mas não vai tomar a segunda, temos que continuar a sensibilizar”, disse.

Segundo Djamila Cabral, é preciso também que as autoridades continuem a aumentar o acesso aos pontos de vacinação, criar novas estratégias, novas maneiras para atingir as pessoas que ainda não tomaram a segunda dose.

A representante da OMS frisou que “a desinformação, até a má-fé que é veiculada” estão na base dessa resistência à vacinação, nesse sentido é necessário um trabalho maior de informação e sensibilização.

“As notícias que fazem medo têm uma tendência a propagar-se e as pessoas acreditam. No fundo, tem todo um trabalho que estamos a fazer, estamos a apoiar também o Ministério da Saúde a fazer, que é de encontrar essas mensagens nas redes sociais e tentar contrapor, argumentar para tentar desacreditar essas mensagens, mas na verdade elas ainda têm muita influência e penso que, pelo menos, uma parte da resistência à vacinação vem daí e outra parte do facto de as pessoas não estarem a ver muitos casos”, disse.

Para Djamila Cabral, esses são fatores que favorecem a continuação da transmissão e o aparecimento de novas variantes.

“Não há nada que possa fazer prever que a nova variante vai ser mais forte ou mais fraca do que aquelas que já tivemos. Podemos sempre correr o risco de ter uma variante que seja muito mais perigosa do que as que já tivemos”, sublinhou.

Face à redução significativa de casos da Covid-19​​, ​​​​​as autoridades angolanas aliviaram as medidas de prevenção e combate à doença no último decreto sobre o estado de calamidade, incluindo a reabertura das discotecas, mas mantiveram a interdição de acesso às praias e piscinas públicas, decisão que tem sido questionada pela sociedade.

Sobre o assunto, a representante da OMS referiu que os países analisam a sua situação e avaliam aquilo que pode contribuir ou não para a pandemia e vão tomando as medidas.

Djamila Cabral realçou que esta medida poderá ter a ver com o facto de autoridades pretenderem um alívio gradual das restrições porque “as pessoas como veem poucos casos têm tendência a não cumprir”.

“Se se relaxar também tudo de uma vez pode ser que não seja muito bom. Eu acredito que a comissão do Ministério da Saúde, o Governo, tenha avaliado e balanceado, porque é tudo uma questão de balanço e de equilíbrios. Às vezes dá certo, às vezes dá menos certo. Foram abertas as praias uma vez e de repente o número de casos voou de novo”, disse.

“Também aprender com a experiência faz parte de todo esse processo. Acredito que haja razões para se ir com cuidado e é a recomendação que a OMS faz. Não há uma fórmula que seja boa para todos os países, cada país tem os seus dados, tem a sua realidade, os seus problemas sociais, económicos e sanitários, então cada país tenta avaliar, vai fazendo, desfazendo as medidas, volta para trás, avança”, acrescentou.

Nesse sentido, prosseguiu a representante da OMS, “Angola tem sido realmente muito exemplar”.

“Porque temos tido as medidas certas, que foram sendo tomadas e que quando necessário voltou-se para trás. Penso que se todos colaborarem podemos chegar a um ponto em que haverá mais afrouxamento das medidas, mas o facto de ir devagar, para nós, é realmente bom sinal, é o caminho que devemos ir. Ir devagar para ir vendo como é que nos adaptamos ao retorno à vida quase normal”, sublinhou.

Angola reportou zero mortes na segunda-feira, pelo terceiro dia consecutivo, tendo registado 18 novos casos da doença.

Desde o início da pandemia, o país acumulou 98.532 casos de Covid-19, dos quais 1.898 óbitos, 96.393 recuperados e 241 encontram-se em tratamento.

A Covid-19 provocou pelo menos 5.813.329 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group, consultora especializada em otimização de custos e processos para as empresas. Com mais de 25 anos de experiência em gestão de negócios, vendas e liderança de equipas no setor dos dispositivos médicos, reforça agora a equipa da ERA Group em Portugal, trazendo a sua abordagem estratégica, motivação e paixão pelo setor da saúde. 

Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte lança “Ritmo Anárquico”, programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular

A Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte vai lançar a campanha “Ritmo Anárquico”, um programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular na região norte do País. A iniciativa vai arrancar na sede da Fundação Portuguesa de Cardiologia, no Porto, no dia 4 de abril, com rastreios a decorrer entre as 10h00 e as 13h00 e as 14h00 e as 17h00.

Fórum da Saúde Respiratória debate a estratégia para a DPOC em Portugal

Com o objetivo de colocar as doenças respiratórias como uma prioridade nas políticas públicas de saúde em Portugal, terá lugar no próximo dia 9 de abril, das 9h às 13h, no edifício Impresa, em Paço de Arcos, o Fórum Saúde Respiratória 2025: “Doenças Respiratórias em Portugal: A Urgência de Uma Resposta Integrada e Sustentável”.

Gilead, APAH, Exigo e Vision for Value lançam 4ª Edição do Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem

O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem anuncia o início da sua 4ª edição, reforçando o compromisso com a promoção da cultura de Value-Based Healthcare (VBHC) em Portugal. Esta edição conta com um novo parceiro, a Vision for Value, uma empresa dedicada à implementação de projetos de VBHC, que se junta à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), EXIGO, Gilead Sciences, e ao parceiro tecnológico MEO Empresas.​

Medicamento para o tratamento da obesidade e único recomendado para a redução do risco de acontecimentos cardiovasculares adversos graves já está disponível em Portugal

O Wegovy® (semaglutido 2,4 mg), medicamento para o tratamento da obesidade, poderá ser prescrito a partir do dia 1 de abril de 2025 em Portugal, dia em que a Novo Nordisk iniciará a sua comercialização e abastecimento aos armazenistas. O Wegovy® estará disponível nas farmácias portuguesas a partir do dia 7 de abril.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights