“Eu estou a começar uma greve de fome”, disse Saakachvili num tribunal de Tbilissi, pedindo para receber “cuidados médicos adequados” na prisão.
Detido em 01 de outubro após o seu regresso de oito anos de exílio na Ucrânia, Saakachvili recusou alimentar-se durante 50 dias no ano passado, em protesto contra a sua detenção após uma condenação por abuso de poder, que considerou movida por motivações políticas.
Na primeira greve de fome, o ex-dirigente pró-ocidental – que ocupou a chefia do Estado entre 2004 e 2013 – só recomeçou a alimentar-se após ser transferido em 20 de novembro para um hospital militar em Gori (leste), quando diversos médicos consideraram que a sua vida estava em perigo.
O ex-líder de 54 anos, no entanto, foi devolvido à prisão no dia 30 de dezembro, apesar da preocupação de pessoas próximas, que afirmam que Saakachvili está muito mal de saúde.
Saakachvili desenvolveu diversas patologias neurológicas “que são o resultado de torturas, maus tratamentos, cuidados médicos inadequados e uma prolongada greve de fome”, concluiu um grupo de médicos que o observaram na prisão.
Foi justamente para receber atendimento neurológico que Saakashvili anunciou hoje a nova greve de fome, bem como para denunciar a decisão das autoridades de impedir que o seu médico pessoal o visitasse na prisão.
Para a Amnistia Internacional (AI), o tratamento infligido ao antigo Presidente sugere “não apenas uma justiça seletiva, mas uma manifesta vingança política”.
A prisão deste destacado dirigente da oposição exacerbou a crise política na sequência das legislativas de 2020, segundo a oposição assinaladas por fraudes, e também desencadeou as mais importantes manifestações antigovernamentais em dez anos.
Os defensores dos direitos humanos acusam o Governo georgiano de utilizar os processos judiciais para penalizar os opositores políticos e os ‘media’ críticos.
O primeiro-ministro georgiano, Irakli Garibachvili, suscitou recentemente uma polémica, ao declarar que o Governo não tinha outra opção que não fosse a detenção de Saakachvili, por este se recusar a abandonar a atividade política.
LUSA/HN
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