Pandemia reforçou medicamentos legais em Moçambique

21 de Fevereiro 2022

O presidente do conselho de administração do Grupo Azevedos, Thebar Miranda, disse em entrevista à Lusa que a Covid-19 teve um impacto positivo no mercado legal do medicamento em Moçambique.

“A covid teve um impacto positivo no mercado legal. Não quer dizer que o consumo de medicamentos em Moçambique tenha crescido”, mas “o mercado legal absorveu uma grande parte do ilegal”, referiu o líder do grupo farmacêutico português.

O fecho de fronteiras e as restrições à mobilidade provocadas pela pandemia atingiram o contrabando e a circulação de medicamentos falsificados, enquanto a cadeia de fornecimento por vias legais se manteve resiliente, explicou Thebar Miranda.

“As cadeias de distribuição mais bem montadas superaram as redes informais”, mais precárias, disse o presidente do grupo que faz chegar medicamentos a todo o território moçambicano.

O grupo português chegou há 25 anos ao país, onde está presente através da Medis Farmacêutica, que faz importação de medicamentos, marketing, distribuição e retalho.

Segundo referiu Thebar Miranda à Lusa, em 2021 o mercado legal cresceu pelo menos em um terço, a atividade da Medis cresceu 36% e a incógnita reside agora no que vai acontecer com a Covid-19 a recuar e a mobilidade a regressar à normalidade.

“Acredito que uma boa parte do mercado já aprendeu onde é que tem segurança de fornecimento” e poderá agora decidir “se vai continuar a abastecer-se onde teve segurança”, durante a pandemia, “em vez de se abastecer na feira”, disse aquele responsável.

Thebar Miranda olha para trás e considera que “a pandemia pode ter servido para o bem do acesso ao medicamento” no país lusófono banhado pelo Índico.

O líder do grupo Azevedos considerou que Moçambique tem regras para travar o contrabando de medicamentos, mas muitas vezes não existem meios ou recursos para as implementar.

Os riscos são grandes: contrabando e falsificação de medicamentos em Moçambique representam um risco “perigosíssimo” para a população.

Chama-lhes “pseudomedicamentos” que “não dão qualidade: dão mais doença, ou outra doença”, sublinhou.

Além dos riscos para a saúde, “gastam-se recursos” em falsificações, num mundo de produtos vendidos à margem da lei onde há de tudo.

Nas bancas de rua há falsificações de qualquer coisa de que as pessoas precisem, mas também há farmácias abertas “por simpatia” de fiscais com proprietários.

“É preciso o sistema querer usar o que está testado”, disse, apontando o circuito de distribuição pela sua empresa como exemplo.

A Medis Moçambique é autossuficiente e todas as mais-valias são reinvestidas – tal como atualmente em novos armazéns e instalações em Nampula, numa ampliação em curso na Beira e modernização em Maputo.

Durante a pandemia, o grupo Azevedos aumentou o ‘stock de medicamentos em Moçambique em 50% “para superar disrupções” nas redes logísticas internacionais.

“Foi um investimento” que permitiu “responder” às necessidades das farmácias, disse.

O responsável referiu que “uma população de 30 milhões de habitantes consome, grosso modo, o que consomem 300 mil europeus”, para ilustrar a dimensão do mercado moçambicano.

“A nossa produção em duas semanas equivale ao consumo do total de Moçambique num ano”, acrescentou, dizendo que estas comparações mostram “o percurso que há a percorrer em Moçambique”.

Encara-o como algo próprio de um jovem país e diz que “o que há para construir é um desafio espetacular”, acrescentando que o trabalho do grupo Azevedos é “a melhor prova” de que é possível fazê-lo.

LUSA/HN

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