“Neste momento já ajudámos 235 pessoas, que passaram pelo nosso centro de acolhimento, aliás que foram imediatamente enviadas seja para famílias que as podem acolher seja para hotéis, muito poucos tiveram que lá passar uma noite, aliás só 12 é que lá passaram uma noite, porque chegaram muito tarde”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, à margem da inauguração do novo centro tecnológico da multinacional Evolution, localizado na Avenida 24 de Julho.
Instalado num pavilhão desportivo da Polícia Municipal de Lisboa, na freguesia de Campolide, o centro de acolhimento de emergência de refugiados ucranianos tem 100 camas preparadas pela Cruz Vermelha Portuguesa, mas a ideia é ser um primeiro ponto de acolhimento.
No centro de acolhimento de emergência são ainda disponibilizados cuidados de saúde, desde medicamentos a consultas médicas, apoio na formalização dos pedidos de proteção internacional, inclusive acesso imediato ao número de Segurança Social e ao Número de Identificação Fiscal (NIF), e é assegurada alimentação e apoio psicossocial.
Entre as 235 pessoas que passaram pelo centro de acolhimento de Lisboa estão “69 crianças [até aos 16 anos]”, segundo dados do município.
“Tivemos casos de crianças que tinham de ter uma consulta médica e imediatamente conseguimos ter essa consulta, alguns medicamentos que estes refugiados quando chegam não têm, portanto, temos estado a trabalhar dia e noite”, adiantou Carlos Moedas (PSD), referindo que os refugiados estão a chegar por diferentes meios, alguns em carro próprio, outros de avião, havendo ainda “à volta de 50 que já cá estavam a passar férias”.
Quem chega a Lisboa e precisa de ajuda é “imediatamente encaminhada” para o centro de acolhimento de emergência, insistiu o presidente da câmara, explicando que “as pessoas chegam muito cansadas, num país que não conhecem”.
Contudo, acrescentou, muitos destes refugiados já trazem referências de pessoas que conhecem em Portugal que estão dispostas a ajudá-los.
Depois dessa ajuda imediata, o apoio passa por garantir soluções temporárias de alojamento, que podem ser num hotel ou em casa de famílias que se oferecem para acolher refugiados ucranianos.
Esse acolhimento deve ser pelo período de “pelo menos seis meses”, indicou Carlos Moedas, acrescentando que o passo seguinte é encontrar respostas habitacionais de longo prazo, em articulação com a Segurança Social.
Questionado sobre quantos refugiados podem chegar nos próximos tempos, o autarca de Lisboa reforçou que “estão todos os dias a chegar”, inclusive vai chegar hoje um avião com mais pessoas, em que o Governo está a organizar toda essa chegada.
Carlos Moedas perspetivou ainda que “o fluxo semanal será pelo menos de mais de 200 pessoas, mas pode ser muito maior”, uma vez que as pessoas que no início resistiram em ficar na Ucrânia agora veem que não conseguem permanecer no país.
Ainda que a informação da Câmara de Lisboa aponte para 235 refugiados ucranianos recebidos no centro de acolhimento, o número total dos que chegaram à capital portuguesa é superior, porque “há muitos que por razões até familiares” não passam por lá, indicou o autarca, defendendo que deve existir coordenação para que se tenha a capacidade de “saber quantos estão a chegar, para poder ajudar de maneira melhor”.
Através da “onda de solidariedade” dos lisboetas, o município de Lisboa está a recolher bens para ajudar o povo ucraniano, com a hipótese de enviar alguns bens para a fronteira com a Ucrânia, e está a receber também donativos monetários que podem ser utilizados para pagar, por exemplo, rendas de casas onde os refugiados possam viver.
Para todos os ucranianos que precisam de ajuda e para todos os que querem ajudar, o município disponibilizou a linha telefónica 800 910 111 e o endereço de email sosucrania@cm-lisboa.pt, estando a decorrer no edifício dos Paços do Concelho a recolha de bens essenciais, num esforço conjunto da Câmara de Lisboa e das 24 juntas de freguesia da cidade.
O autarca da capital portuguesa realçou que “Lisboa é uma cidade aberta” e que quer ajudar os refugiados ucranianos, existindo consenso total neste âmbito por parte de todo o executivo municipal, “com todos os vereadores de todas as forças políticas”, nomeadamente PSD, CDS-PP, PS, PCP, BE, Livre e independente do movimento político Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre).
Por unanimidade, a Câmara de Lisboa aprovou na quarta-feira, em reunião privada, a criação do programa municipal de emergência “VSI TUT – TODOS AQUI”, para integração de refugiados do conflito militar na Ucrânia, através de soluções de habitação, trabalho, educação, saúde, mobilidade e cultura.
Além da intervenção do município de Lisboa no apoio aos refugiados ucranianos, Carlos Moedas destacou a coordenação com outros autarcas do país e até de fora de Portugal, com a integração da capital portuguesa na rede europeia de 100 cidades que estão a trabalhar neste âmbito, porque “infelizmente uma das lições do passado é que estas guerras são longas” e é necessário preparar já a ajuda.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
LUSA/HN
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