Pandemia com evolução “muito positiva” no continente africano

10 de Março 2022

O diretor do Centro Africano de Prevenção e Controlo de Doenças deu hoje conta de “uma perspetiva geral muito positiva sobre a evolução da pandemia" em África, marcada pela “diminuição consistente” de novas infeções em todo o continente.

“Temos uma perspetiva geral muito positiva sobre a evolução da pandemia no continente. África registou na última semana 44 mil novos casos de infeção com covid-19, o que representa uma redução média de 4% deste número, em comparação com a semana anterior”, informou o diretor do África CDC, John Nkengasong, durante a habitual conferência de imprensa semanal a partir de Adis Abeba, a sede do organismo da União Africana (UA).

O número de mortes reportadas no mesmo período pelos 55 Estados-membros da UA ascendeu a 640, indicador que compara com 1.695 em igual período antecedente, o que representa uma diminuição média de 62%, indicou ainda Nkengasong.

No período de quatro semanas, entre 7 de fevereiro e 06 de março, a tendência foi de uma diminuição média de 25% do número de novos contágios.

“Pela primeira vez, registamos uma diminuição consistente em todas as cinco regiões, com uma diminuição média de 31% na região do Norte de África, 27% na África Central, 25% na África Oriental, 13% na África Austral e uma diminuição média de 7% na África Ocidental”, sublinhou o diretor do África CDC.

Em termos do número de mortes nos países mais populosos, com exceção da República Democrática do Congo (RDCongo), que registou um aumento médio de 6% nas últimas quatro semanas, foi observada uma diminuição média das mortes na ordem de 31% na Etiópia, 31% na Nigéria, 29% no Quénia, 13% no Egipto e 11% na África do Sul.

Neste período das últimas quatro semanas, o continente registou uma diminuição média no número de mortes associadas à covid-19 de 22%.

“Tudo isto são boas notícias. O quadro geral é bom, tanto em relação à última semana quanto ao período das ultimas quatro semanas”, sublinhou John Nkengasong.

Quanto à campanha de vacinação, o responsável reconheceu que a guerra na Ucrânia trará “perturbações na gestão das cadeias de fornecimento de vacinas”.

“Definitivamente, o continente sofrerá um impacto, não apenas no combate à covid-19, mas em termos gerais. Não há dúvidas sobre isso. Vivemos num mundo interconectado em que qualquer disrupção, seja em que forma for, terá impactos na capacidade dos outros países responderem a desafios como os da covid-19”, acrescentou em resposta a uma questão sobre o assunto.

Em relação à vacinação, Nkengasong deu conta de que os ministros da Saúde dos principais países membros da UA vão receber hoje na sede do África CDC uma delegação de alto nível da Organização Mundial de Saúde (OMS), e outros parceiros com quem vão articular “estratégias para aumentar as taxas de vacinação no continente e reforçar a colaboração e as parcerias no quadro do objetivo designado como ‘um país, um plano’”.

O diretor do África CDC disse ainda ter assistido na semana passada em Nairobi à assinatura de um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês), entre o Governo queniano e a farmacêutica norte-americana Moderna, uma das empresas que fabrica vacinas com tecnologia RNA-Mensageiro, acordo que permitirá o fabrico de 500 milhões de vacinas por ano no Quénia, num investimento previsto de 500 milhões de dólares (453 milhões de euros).

“Este desenvolvimento significa um compromisso histórico no contexto das parcerias para a produção de vacinas em África que a UA tem vindo a promover”, sublinhou Nkengasong.

Até 9 de março último, o continente africano recebeu um total 693 milhões de doses de vacinas, das quais 431 milhões foram administradas. O número de pessoas totalmente vacinas é agora de 12,9% da população africana elegível.

“Registamos bons progressos em alguns países relativamente às respetivas campanhas de vacinação”, assinalou ainda o responsável, referindo-se a uma dezena de estados-membros da UA que vacinaram mais de 35% da população elegível.

De acordo com Nkengasong, as Seicheles vacinaram cerca de 81% da população elegível; as Maurícias, 75%; Marrocos, 62%; Ruanda, 60%; Cabo Verde, 53%; Botswana, 49%; Tunísia, 39%, Moçambique, 37%; São Tomé e Príncipe, 37% e Lesoto, 36%.

Quanto à testagem, o continente regista até agora um número acumulado de 1,068 milhão de testes realizados, o que representa um aumento médio de 18% nos últimos sete dias. A taxa positividade acumulada manteve-se em 11%.

LUSA/HN

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