Casos graves podem aumentar risco para a saúde mental a longo prazo

15 de Março 2022

A Covid-19 grave pode aumentar o risco de efeitos nocivos para a saúde mental a longo prazo, como a ansiedade, depressão e má qualidade do sono, sugere um estudo publicado segunda-feira na revista The Lancet Public Health.

Desenvolvida por especialistas de seis países – Islândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Estónia e Reino Unido -, a investigação revista por pares avança com uma associação entre os casos graves de Covid-19 e a saúde mental 16 meses após a infeção provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2.

“No geral, a maioria dos sintomas de saúde mental entre os recuperados de covid-19 diminuíram dois meses após o diagnóstico, mas os pacientes que estiveram acamados durante sete ou mais dias eram mais propensos a sentir depressão e ansiedade durante o período de estudo de 16 meses”, adiantam as conclusões.

Esta investigação indica que “os efeitos para a saúde mental não são iguais para todos os pacientes da covid-19 e que o tempo passado acamado é um fator chave para determinar a gravidade dos impactos na saúde mental”, adiantou Unnur Anna Valdimarsdóttir, uma das autoras do estudo.

Segundo a professora de epidemiologia na Universidade da Islândia, o aumento da vigilância clínica da saúde mental entre as “pessoas com doença aguda grave de covid-19, assim como os estudos de seguimento para além do primeiro ano após as infeções, são fundamentais para garantir o acesso em tempo oportuno aos cuidados”.

Para apurar os impactos na saúde mental a longo prazo, os investigadores analisaram a prevalência de sintomas de depressão, ansiedade, angústia e má qualidade do sono relacionada com a Covid-19 entre cerca de 250 mil pessoas dos seis países com e sem diagnóstico de infeção.

Ao longo dos 16 meses do estudo, os pacientes que estiveram acamados durante sete dias ou mais demonstraram ter entre 50% e 60% mais probabilidades de sofrer de depressão e ansiedade em comparação com pessoas nunca infetadas durante o período analisado.

“A maior ocorrência de depressão e ansiedade entre pacientes com covid-19 que passaram sete dias ou mais dias acamados pode ser devido a uma combinação de preocupação com os efeitos a longo prazo na saúde, bem como à persistência de sintomas de `long covid´ muito para além da doença, que limitam o contacto social e podem resultar num sentimento de desamparo”, avançou a investigadora Ingibjörg Magnúsdóttir, da Universidade da Islândia.

Segundo as conclusões agora divulgadas, as pessoas diagnosticadas com Covid-19, mas que não necessitaram de ser acamadas, eram menos propensas a sintomas de depressão e ansiedade do que os que nunca foram infetados.

Os autores afirmam que uma explicação para isso é que o regresso à vida normal, após a recuperação de uma infeção leve, constituiu um “alívio para estes indivíduos, enquanto aqueles que não foram infetados mostraram-se ansiosos com o risco de infeção e sobrecarregados com o isolamento social”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This