Ucrânia: Cerca de 10 mil pacientes transferidos para hospitais da UE

15 de Março 2022

Cerca de 10 mil pacientes a necessitar de cuidados na Ucrânia estão já a ser transferidos para hospitais na União Europeia (UE), anunciou esta terça-feira a Comissão Europeia, estimando que esta “não será uma crise de curto prazo”.

“Numa primeira ronda de compromissos, assegurámos mais de 10 mil camas em hospitais de outros Estados-membros [a partir da Polónia] para transferir pacientes que necessitam de cuidados”, anunciou hoje a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides.

Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, após uma videoconferência extraordinária de ministros da Saúde da UE, a responsável especificou que “estas incluem camas para doentes pediátricos, para recém-nascidos e as suas mães, para doentes com cancro, para os que têm queimaduras e para os que necessitam de tratamento em unidades de cuidados intensivos”.

Em causa está, segundo a comissária europeia da tutela, um novo mecanismo de solidariedade na UE para facilitar a retirada médica das pessoas que necessitam de tratamento e cuidados hospitalares especializados, numa altura em que centros médicos (como maternidades) são visados pelas forças russas.

“Os primeiros pacientes pediátricos foram transferidos esta semana da Polónia para Itália, onde receberão cuidados pediátricos especializados e estamos à espera de mais transferências a seguir”, referiu.

Vincando que a UE está “mais unida do que nunca contra as brutalidades que acontecem na Ucrânia”, Stella Kyriakides indicou que Bruxelas, juntamente com os Estados-membros, tem estado a “enviar coletivamente equipamento médico, medicamentos, camas e muito mais para a Ucrânia e para os países vizinhos”.

“Mas é necessária muito mais assistência médica porque, além dos controlos sanitários de rotina, cada pessoa que foge à guerra na Ucrânia tem de receber os cuidados de saúde de que necessita, quer se trate de cuidados de emergência ou de tratamento de doenças crónicas”, alertou a comissária europeia da tutela.

Em concreto, “é realmente crucial que os sistemas nacionais de saúde, especialmente nos países vizinhos da Ucrânia que enfrentam a chegada sem precedentes de necessitados, não fiquem sobrecarregados agora, após dois anos de luta para manter a pandemia sob controlo”, concluiu, instando a “vacinações regulares” contra doenças como tuberculose, poliomielite, covid-19 ou outras doenças infecciosas.

A posição surge depois de, há uma semana, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças ter alertado que pessoas que fogem da Ucrânia, devido à guerra causada pela invasão russa, são vulneráveis a doenças infecciosas, como a covid-19, e algumas não estão vacinadas.

Numa altura em que se estima que mais de três milhões de pessoas, incluindo mais de 1,4 milhões de crianças, fugiram para os países vizinhos da Ucrânia, como Polónia, Hungria, Moldova, Roménia e Eslováquia, estima-se que a maioria diga respeito a mulheres e crianças que, segundo as autoridades, passam até 60 horas nos postos fronteiriços a temperaturas muito baixas.

Há pouco mais de uma semana, os Estados-membros da UE chegaram a um “acordo histórico” para ativar, pela primeira vez, a diretiva que concede proteção temporária no bloco a refugiados, dirigida aos ucranianos que fogem da invasão russa.

Com a ativação da diretiva, pela primeira vez em 20 anos, é dada autorização de residência (que pode durar de um ano a três anos), acesso a emprego, a alojamento ou habitação, a bem-estar social ou aos meios de subsistência, a tratamento médico e educação para menores e garantias para o acesso ao procedimento normal de asilo.

A invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, desencadeou uma crise de refugiados de rápido crescimento que as Nações Unidas consideram ser a mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

LUSA/HN

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