Em causa está a implementação em regime de ambulatório da polissonografia, uma nova técnica para diagnóstico de patologias do sono que, de acordo com a pneumologista do CHUSJ Marta Drummond, permite resultados mais fiáveis e a diminuição da lista de espera nesta área, aliados a um maior conforto para doente.
“Dá um conforto acrescido ao doente que fica em casa e não tem de ir ao hospital e aumenta a possibilidade do estudo ter melhores resultados. O fator novidade, o doente a dormir num sítio diferente [e em ambiente hospitalar], o não ser no seu habitat natural, podia alterar-lhe o sono, o que se podia traduzir no sono do doente naquela noite não ser representativo”, descreveu Marta Drummond.
Fazer este estudo no domicílio evita que o doente passe a noite no hospital, local ao qual só tem de recorrer no dia em que vai realizar o procedimento para colocar os sensores no corpo.
Depois caberá a um técnico dar instruções ao paciente já em casa e monitorizar o processo através de tecnologia remota, quer via áudio quer via vídeo.
“O técnico vai, em tempo real, interagindo com o doente”, disse Marta Drummond, realçando que “durante a noite é possível captar o registo dos sensores, mas também imagem que ajuda em situações de sonambulismo, agressividade ou falar durante o sono”, explicou.
Os sensores colocados no doente são respiratórios, cardíacos, de saturação de oxigénio, bem como sensores de eletroencefalograma que permitem ver as fases do sono.
Com a passagem do estudo para o domicílio, às vantagens para o doente soma-se a possibilidade de realizar mais estudos, diminuindo a lista de espera.
A responsável do Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) de Sono e Ventilação não Invasiva (VNI) do CHUSJ contou à Lusa que esse é um dos objetivos de um serviço que diminuiu “de forma drástica” o tempo médio de espera para primeira consulta de Patologia Respiratória do Sono, o qual está agora em 56 dias.
Em 2021 este CRI do CHUSJ fez 3.100 primeiras consultas de Patologia Respiratória do Sono e 8.400 consultas subsequentes, o que corresponde a um aumento em mais de 20% do número de consultas em comparação com 2020.
Hoje, Dia Mundial do Sono, em entrevista à agência Lusa, a especialista do CHUSJ aproveitou para deixar um alerta sobre a crescente exposição aos ecrãs e as implicações desta prática no sono.
“Neste momento, o fator mais disruptivo da qualidade do sono nas sociedades ocidentais e contemporâneas é a exposição à luminosidade de ecrãs. A exposição à lumínica ativa o córtex cerebral o que torna difícil adormecer. É fundamental que pelo menos uma hora antes não estejamos sujeitos a esta lumínica. Era importante que fosse até mais cedo”, disse a especialista.
Marta Drummond alertou que a qualidade de sono fica muito prejudicada, ou mesmo que o sono se torna menos profundo ou com mais acordares durante a noite.
“E de manhã as pessoas sentem-se menos restaurados”, alertou.
Esta situação, disse a especialista, “é muito notória nos adultos, mas está a ser muito preocupante nas crianças”.
“Há um alerta a fazer aos pais, mas também aos filhos que não valorizam o que os pais dizem: isto prejudica a rentabilidade escolar e a capacidade cognitiva”, concluiu.
LUSA/HN
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