Zimbabué lança campanha de vacinação que abrange crianças com mais de 12 anos

24 de Março 2022

O Zimbabué lançou uma nova campanha de vacinação contra a Covid-19 que já inclui crianças a partir dos 12 anos, seguindo a estratégia seguida por outros países africanos, como Quénia, Congo, Etiópia e Nigéria.

Esta semana, as escolas daquele país da África Austral transformaram-se em espaços de vacinação, com crianças com uniformes escolares alinhadas para receberem a vacina.

Muitos pais dizem que apoiam a campanha de vacinação para evitar que as escolas se tornem centros de infeção, mas outros continuam céticos.

O Zimbabué segue assim o caminho do Quénia, Congo, Etiópia e Nigéria que já lançaram também campanhas de vacinação em massa.

“Deixem-nos ser vacinados, isso poupar-nos-á muitos problemas. Talvez acabe com os constantes encerramentos de escolas … as aulas online desgastam-nos cada vez que as escolas são fechadas”, disse Helen Dube, uma mãe que acompanhava a filha de 12 anos a uma escola na populosa cidade de Chitungwiza, a cerca de 30 quilómetros a sudeste da capital, Harare.

“Além disso, se as escolas são seguras, então também estamos seguros em casa”, acrescentou.

O Zimbabué está a regressar gradualmente ao seu calendário escolar normal, após dois anos de encerramentos intermitentes e, por vezes, prolongados, por causa da pandemia.

A campanha de vacinação para adultos prolonga-se no país até meados de maio, segundo o vice-presidente zimbabueano, Constantino Chiwenga, que é também ministro da Saúde.

O Zimababué foi um dos primeiros países africanos a dar a vacina contra a Covid-19, alcançando taxas mais elevadas de vacinação do que grande parte do continente africano.

Cerca de 23% dos 15 milhões de habitantes do Zimbabué já receberam duas doses da vacina anti-Covid-19, a maioria das chinesas Sinopharm e Sinovac, mas ainda assim está muito aquém do objetivo inicial do governo de 60% até ao final de 2021.

O governo do Presidente Emmerson Mnangagwa diz agora que está a tentar alcançar uma meta de 70% da população elegível até ao final de julho.

Pouco mais de 5.400 pessoas no Zimbabué morreram de Covid-19, de acordo com os números oficiais, embora a taxa seja provavelmente muito mais elevada devido a casos não diagnosticados ou relatados, de acordo com os peritos de saúde.

O governo disse ter doses de vacina suficientes, inclusive para futuros reforços, mas a adesão tem abrandado nos últimos meses, à medida que o número de casos e fatalidades tem baixado. Pouco mais de 8 milhões de doses foram utilizadas, das mais de 22 milhões em stock, de acordo com números governamentais.

Depois de terem tido dificuldades em obter o fornecimento adequado de vacinas, muitos países africanos estão agora a fazer esforços concertados para as conseguirem obter doses massivas.

Embora os casos de Covid-19 tenham diminuído em todo o continente desde o pico da quarta vaga da pandemia, impulsionada pela variante Ómicron, no início de janeiro de 2022, a cobertura de vacinação em África continua muito aquém do resto do mundo.

Cerca de 201 milhões de pessoas ou 15,6% da população africana, de 1,3 mil milhões, estão totalmente vacinadas em comparação com a média global de 57%, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

“Embora este progresso seja bem-vindo, o ritmo da vacinação em todo o continente precisa de aumentar nove vezes se quisermos atingir o nosso objetivo de vacinar 70% da população até junho de 2022”, disse este mês Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para África.

A OMS planeia apoiar a vacinação em massa em África “em pelo menos 10 países prioritários para atingir 100 milhões até ao final de abril”, de acordo com uma declaração da OMS.

Em conjunto, os 54 países africanos registaram mais de 11,3 milhões de casos de infeção por covid-19, incluindo mais de 250.000 mortes, de acordo com os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), organismo da União Africana.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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