Falta de poder de compra dos guineenses agravou-se com Covid-19 e guerra na Ucrânia

9 de Abril 2022

O presidente da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços da Guiné-Bissau considerou hoje que a falta de poder de compra dos guineenses agravou-se com a pandemia e com a guerra na Ucrânia, exortando as autoridades a tomarem medidas.

“Nós sabemos que os guineenses já não tinham poder de compra, o que se agravou com a situação da covid-19 e da guerra na Ucrânia e lançamos vários apelos ao Governo, fizemos várias denúncias, diligências com entidades competentes, incluindo com o chefe de estado, para que se possa inteirar da difícil situação que a população está a passar neste momento”, afirmou Bambo Sanhá, que dirige a associação de defesa dos consumidores guineense.

Em entrevista à Lusa, o responsável explicou que houve um aumento generalizado dos preços, incluindo do pão, que é o bem alimentar mais acessível a toda a população.

“Aumentou a fome, a pobreza, temos cidadãos que estão a ir dormir sem comer. A maioria da população vive do dia a dia, mesmo aqueles que são funcionários públicos, os salários não são suficientes com este aumento do custo de vida. É insuportável”, lamentou o dirigente.

O presidente da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços defendeu que “é urgente” estancar a especulação dos preços dos produtos de primeira necessidade e que o Governo deve adotar medidas para que a população “possa ter espaço de manobra em termos de poder de compra” e “acesso aos produtos”.

“O bolso do consumidor guineense está cada vez mais apertado com a perda de poder de compra e isso põe em causa, em risco, a segurança alimentar das nossas populações, porque quem não tem poder económico não terá condições de se alimentar em qualidade e quantidade”, disse, salientando que isso deve ser combatido em primeiro lugar pelo Governo.

Bambo Sanhá denunciou igualmente o que considera ser um aproveitamento de alguns operadores económicos e comerciantes, que de forma abusiva e sob pretexto de rutura de estoques, fazem um “autêntico roubo ao bolso do consumidor”.

Dando como exemplo o aumento do pão, que está a ser justificado com a guerra da Ucrânia, o responsável sublinhou que a farinha de trigo já estava no armazém muito antes de o conflito ter começado.

Desde o início da pandemia da Covid-19 que os preços dos bens alimentarem têm vindo a aumentar na Guiné-Bissau, nomeadamente peixe, carne, fruta, vegetais, pão, óleo, açúcar, farinha e arroz, que é a base alimentar dos guineenses.

LUSA/HN

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