ONG pede proteção dos reclusos nos Camarões contra surto de cólera

9 de Abril 2022

As autoridades camaronesas devem proteger os reclusos de uma epidemia de cólera que se está a propagar em prisões "sobrelotadas" e onde "as medidas de higiene são difíceis de implementar", exortou hoje a organização Human Rights Watch (HRW).

A doença diarreica aguda, causada por uma bactéria que pode matar numa questão de horas se não for tratada, reaparece periodicamente neste país da África Central de mais de 25 milhões de pessoas.

“Pelo menos seis reclusos na segunda maior prisão dos Camarões em Douala morreram de cólera desde março”, disse a organização de defesa dos direitos humanos HRW numa declaração, citando “receios” de que o número possa aumentar devido a “prisões sobrelotadas”.

“Há 50 de nós amontoados em nove metros quadrados. Não há água para beber e as condições de higiene são deploráveis”, disse um detido citado pela HRW.

As autoridades camaronesas devem “assegurar que todos os prisioneiros sejam mantidos em condições humanas e dignas”, disse a organização.

Segundo o ministro da Saúde dos Camarões, Manaouda Malachie, 105 pessoas morreram de cólera desde que a epidemia começou em outubro de 2021.

A cólera “foi até agora identificada em seis das 10 regiões do país, incluindo o sudoeste anglófono do país”, que se encontra no meio de um conflito separatista sangrento, segundo a HRW.

Os Médicos Sem Fronteiras anunciaram esta semana a suspensão das suas atividades humanitárias na região sudoeste devido à detenção de quatro funcionários locais acusados de “cumplicidade” com rebeldes.

No início de 2021, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que havia 1,3 a 4 milhões de casos de cólera e entre 21.000 a 143.000 mortes por ano devido à doença em todo o mundo.

“As vacinas seguras contra a cólera oral devem ser utilizadas em conjunto com um melhor abastecimento de água e saneamento para limitar os surtos de cólera e promover a prevenção em áreas de alto risco conhecidas”, disse a agência da ONU.

LUSA/HN

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