“O projeto nasceu para tentar melhorar a gestão de riscos, desde desastres nucleares e industriais a incêndios e fenómenos meteorológicos extremos e os beneficiários são os responsáveis de proteção civil portugueses e espanhóis e todos os habitantes das zonas de influência do projeto, que irão beneficiar do mesmo”, afirmou o seu coordenador, Jaime Ribalaygua.
Este responsável falava hoje, no Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova, onde decorreu o 1.º workshop do projeto Vespra (Vulnerable Elements in Spain and Portugal and Risk Assessment) – Elementos Vulneráveis em Espanha e Portugal e Avaliação de Riscos.
Jaime Ribalaygua sublinhou que o Vespra está desenhado para uma escala local, a zona transfronteiriça portuguesa e espanhola que abrange os concelhos da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), sobretudos os de Idanha-a-Nova e Penamacor e a região da Extremadura espanhola.
“O objetivo é demonstrar que [este projeto piloto] pode ser aplicado em outras regiões transfronteiriças. Mas, para isso, é importante a inclusão e o envolvimento das autoridades locais portuguesas e espanholas”, frisou.
O Vespra tem a duração de 24 meses. Inicialmente, o projeto era para terminar em dezembro de 2022, mas o prazo foi prolongado até março de 2023, devido a atrasos verificados no seu desenvolvimento, por causa da pandemia da covid-19.
Com um valor total de investimento de cerca de 783 mil euros, resultante de uma candidatura ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil da União Europeia (UE) que financia projetos para avaliação e análise de riscos transfronteiriços, o Vespra integra a Meteogrid (Espanha), que coordena o projeto, a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (Portugal), a CIMBB (Portugal), o Servicio de Prevención y Extinción de Incêndios Florestales de Extremadura (INFOEX) (Espanha), as universidades de Aveiro e de Coimbra (Portugal) e Politécnica de Cataluña (Espanha).
Segundo o coordenador do Vespra, toda a informação disponível sobre os territórios de abrangência é integrada numa plataforma otimizada para utilizar na luta contra as emergências.
“Integram-se também sistemas para estimar a vulnerabilidade do território perante as diversas emergências. A plataforma tem módulos de cálculo de vulnerabilidade, informação que pode, por exemplo, ser cruzada com informação meteorológica”, sustentou Jaime Ribalaygua.
Já Miguel Almeida, da Universidade de Coimbra, explicou que para a plataforma do Vespra, a primeira coisa que foi preciso definir foi uma base de dados e, apesar de já existirem algumas, “nenhuma se aplicava bem às nossas intenções”.
Esta ferramenta inclui pessoas, serviços básicos, instalações comerciais e de serviços, instalações industriais, elementos ambientais e, por último, os elementos com maior valor cultural.
Miguel Almeida sublinhou ainda que a plataforma foi pensada para ser utilizada por vários tipos de usuários e realçou que os métodos de recolha de informação “são iguais para os dois lados da fronteira”.
À Lusa, o presidente da CIMBB e da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, sublinhou a importância deste projeto piloto para a região.
“As fronteiras não existem para o perigo. É preciso que haja articulação entre as partes portuguesas e espanholas relativamente ao objetivo essencial deste programa e da plataforma, a salvaguarda da segurança das pessoas e dos seus bens”.
O autarca realçou que este é um projeto piloto e que é preciso ainda perceber, dentro das instituições, a operacionalização da ferramenta.
“É verdade que este projeto tem esta relação de Espanha com o perímetro da CIMBB. Mas, o objetivo passa por ter uma aplicabilidade mais ampla, além da CIM e da parte espanhola”, concluiu.
LUSA/HN
0 Comments