Mais de metade desvaloriza a asma e três em cada quatro não conhece todos os sintomas, revela estudo

28 de Abril 2022

Mais de metade dos inquiridos num estudo sobre asma desvaloriza a doença e três em cada quatro não conhecem todos os sintomas, segundo dados esta quinta-feira divulgados, quando arranca uma campanha de alerta sobre esta doença respiratória.

De acordo com o estudo, divulgado a propósito do Dia Mundial da Asma, que se assinala a 03 de maio, 65,1% dos inquiridos considera normal um doente asmático ter uma crise de asma, mesmo estando medicado, e 66,6% não sabe que a gravidade de um ataque de asma pode ser comparável à de um ataque cardíaco.

“A asma pode ser, em termos de interferência na vida diária, o equivalente a uma diabetes ou insuficiência cardíaca, mas as pessoas não valorizam pois tendem a valorizar só os episódios de crise, minorando os intervalos em que podem estar bem, ou quase bem, e acham que não têm a necessidade de tratar e fazer a medicação para a controlar”, disse à Lusa a coordenadora do grupo de interesse sobre asma na Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Ana Mendes.

A especialista explicou ainda que, muitas vezes, as pessoas “vão limitando a sua vida no dia a dia, devagarinho, às vezes sem ter a noção do que já deixaram de fazer por causa da asma”.

O estudo hoje divulgado – com base em informação recolhida através de mil inquéritos feitos entre 24 março e 07 de abril a uma amostra de população proporcional aos censos 2011 nas categorias género, idade e distrito de residência – sublinha que apenas 25,7% dos inquiridos identifica todos os possíveis sintomas da asma (falta de ar, tosse, sensação de aperto no peito, cansaço, tosse durante a noite e pieira).

“As pessoas devem estar atentas a sintomas como a sensação de falta de ar, que normalmente descrevem como gatinhos ou pieira, mas também pode surgir como uma sensação de aperto no peito, como se tivessem algo pesado em cima do peito que os impedisse de respirar, ou até tosse, que se mantém no período da manhã, ou mais ao final do dia”, explicou Ana Mendes.

A imunoalergologista acrescenta que, se as pessoas sentirem “alguma limitação nas suas atividades diárias (…), se andarem um pouco e ficarem mais cansados do que seria suposto” também é um sinal para “procurar ajuda e ver o que se passa”.

Para alertar doentes, cuidadores e população para a importância de valorizar a doença, a SPAIC, em conjunto com a Associação Portuguesa de Asmáticos, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, a Plataforma Saúde em Diálogo, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (Nucelo de Estudos de Doenças Respiratórias), entre outas entidades, lançam hoje uma campanha, no âmbito do Dia Mundial da Asma.

Os dados hoje divulgados mostram também que 82,8% dos inquiridos sabem que a asma é uma doença crónica, mas quando questionados sobre se a asma passa com a idade, apenas 65,4% reconhece que não.

“Sendo uma doença crónica, a inflamação está sempre presente e se interpretarmos a doença com a necessidade de fazer terapêutica diária e de ser avaliada vamos ter muito menos descompensações e menos gastos”, sublinha a especialista da SPAIC, acrescentando que “o objetivo da medicação é reduzir as crises e fazer com que a pessoa “não tenha sintomas que limitem o seu dia a dia”.

“Pode acontecer alguma crise ou outra, por exemplo, nalguma infeção, que pode levar a uma descompensação, mas não deve ser interpretado como normal. (…). Não nos devemos habituar a ter ataques de asma no dia a dia”, acrescentou.

A especialista lembra também que “as infeções virais são principais fatores de risco para uma crise e para agravamento de sintomas” e que “se a pessoa não estiver controlada, pior vai ser, mais queixas terá e até pode desencadear uma crise grave”.

Sublinha, por isso, a importância de se controlar a doença e cumprir a medicação, para que este risco seja menor.

LUSA/HN

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