“Nós assinámos um protocolo, até de uma forma arrojada pelo executivo anterior, que tomou esta decisão, que não é simples, não sei se eu a teria tomado [essa decisão], de recuperar o edifício, gastar dois milhões de euros” e “pô-lo ao serviço da Saúde”, contou Fernando Ruas.
Neste sentido lembrou que o seu antecessor – António Almeida Henriques, falecido em abril de 2021, na sequência de complicações provocadas pela covid-19 – “foi ter com a entidade, que concordou e assinou um protocolo” com a autarquia.
Na altura, continuou, acordaram que “quando estivesse pronto, o que se previa para o final do ano de 2021, se abrisse a Unidade de Saúde Familiar (USF) e isso ficou protocolado para janeiro de 2022”.
“A nossa parte está feita. O edifício, que é emblemático, a Casa das Bocas, está pronto, está todo equipado, fez-se o auto de receção provisória e, neste momento, não temos movimento por parte da Saúde. Eu acho que há dificuldade em arranjar pessoas”, apontou o autarca.
Fernando Ruas disse que “isso deveria ter sido previsto, aquando da assinatura do protocolo, que haveria dificuldade em arranjar os meios humanos, porque a USF está prontinha e toda equipada, mas está fechada [por falta de resposta do Governo]”.
“Nós temos de começar por respeitar o protocolo, que foi livremente assinado. Já estamos a meio de maio e não há nenhum sinal”, sublinhou Fernando Ruas, destacando que, “ainda por cima, não está tudo bem” na área da saúde e “faltam pontos de rede” como USF.
O autarca disse que ainda hoje ouvia médicos a “lamentarem a grande afluência aos hospitais por falta de pontos de rede” para dizer, de imediato, “que os há pontos, mas não são abertos”.
O presidente do município de Viseu disse aos jornalistas, no final da reunião de hoje do executivo camarário, que “este é um assunto que tem de ser tratado diretamente com o Ministério da Saúde” e, por isso, o autarca disse que “já foi pedida uma reunião com a ministra, mas está difícil”.
“Mas não é só com a Saúde que é difícil reunir. Aguardo outras reuniões com outros ministros para tratar de diversos assuntos como a requalificação do IP3, como a Unidade de Radioterapia, que já devia ter começado e não começou, como a ferrovia”, enumerou.
Fernando Ruas insistiu na “falta de definição do que deve ser feito”, em relação à requalificação do IP3, apontando como exemplo o troço entre Santa Comba Dão e Viseu que “ainda não está definido” e, por isso, disse que não acredita que esteja pronto em 2025.
“Acredito é que não haverá o lançamento das obras todas até 2025, quanto mais estar terminado em 2025”, apontou criticando a “falta de estratégia” no início da requalificação para pontos como o de Santa Comba Dão, com a existência de umas termas, e da Livraria do Mondego, em Penacova, “onde o trânsito praticamente para”.
Além do IP3, Fernando Ruas apontou o dedo ao que resta do IP5, “que liga [a cidade] à A25 e está em tão mau estado, que nem algumas imagens da Ucrânia mostram estradas tão destruídas”, assim como a questão da ferrovia para Viseu.
“O que foi prometido é que todas as capitais de distrito iriam ter comboio. Nós estamos à espera para saber como é, porque já temos inclusive plano para a estação e o senhor ministro não recusou a nossa proposta, mas, mais uma vez, não há definição nenhuma”, acusou.
Neste sentido, e tendo em conta que o setor da construção em Portugal “está parado e há obras em todo o lado atrasadas”, Fernando Ruas exigiu que “o Governo comece por definir o que há para definir e depois que justifique os imprevistos”.
LUSA/HN
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