Equipa portuguesa quer criar sistema de recolha seletiva de beatas de cigarro

3 de Setembro 2022

Uma equipa portuguesa desenvolveu uma caixa porta maços de tabaco que permite armazenar beatas e visa, através de coletores distribuídos em diversos pontos de venda, criar o “primeiro sistema de recolha seletiva de beatas”, foi hoje revelado.

“Queremos criar o primeiro sistema de recolha seletiva de beatas”, afirmou Carla Portela, fundadora do projeto “Beat the Butt”, que representará Portugal na final europeia do ClimateLaunchpad (competição de ideias de negócio amigas do ambiente).

À Lusa, Carla Portela, da Universidade NOVA de Lisboa, esclareceu que o projeto não pretende ser apenas uma “caixinha”, mas “uma estratégia completa” e pretende incentivar os fumadores a descartarem as beatas de cigarros “no sítio correto”, ao invés dos caixotes de lixo ou no chão.

A caixa, que tem “praticamente” o tamanho do maço de tabaco, é feita de plástico reciclado e é rígida, o que “assegura que não há libertação de cheiros” no cinzeiro onde podem ser armazenadas até, pelo menos, 20 beatas.

No último ano, a equipa fez três validações junto dos consumidores, estando neste momento a otimizar a caixa com o intuito de “até ao final deste ano” poder comercializar o produto.

Quanto aos coletores, a equipa pretende que estes venham a ser distribuídos pelos diversos pontos de venda de tabaco, como em bombas de gasolina e quiosques. Será nestes coletores que os fumadores poderão depositar as beatas armazenadas na pequena caixa.

“Idealmente o que queremos é que os fumadores recebam pontos por fazer o correto e tentar fazer isso de forma automática através de uma aplicação, na qual as pessoas recebem os pontos e nós sabemos qual o volume de enchimento dos coletores espalhados”, esclareceu Carla Portela.

O intuito é que as beatas sejam recolhidas dos coletores “quando necessário” e, posteriormente, possam dar “origem a novos produtos”.

“Existe documentação na literatura que indica que alguns cogumelos são capazes de degradar a celulose e o acetato de celulose. No fundo, comem as beatas para se alimentarem, uma vez que são feitas de papel e o filtro é feito de acetato de celulose. A verificar-se que é verdade, podíamos ter uma biomassa como matéria-prima para enriquecer composto. Aí fecharíamos o ciclo”, exemplificou a responsável.

Carla Portela lembrou ainda que, atualmente, as beatas são maioritariamente tratadas como resíduos indiferenciados e acabam por ir parar aos aterros.

Neste momento, a equipa já reuniu com várias entidades do setor que “mostraram interesse na solução” e em se associar a “iniciativas de limpeza do ambiente”.

Outro dos objetivos da equipa passa por “chegar às massas”, através, por exemplo, de festivais de música, mercado que também “demonstrou interesse” e onde pretendem “apostar”.

O “Beat the Butt” foi um dos três projetos vencedores da Final Nacional do ClimateLaunchpad, que foi organizada pela UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e vai, a 27 de outubro, representar Portugal na final europeia da iniciativa, que visa apoiar ideias de negócio que reduzam o impacto negativo no ambiente.

LUSA/HN

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