Em comunicado, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) revela hoje que o artigo, publicado na revista científica “Brain” e liderado por Mónica Sousa, identifica o “local exato nos neurónios sensoriais que causa dor neuropática”.
A dor neuropática é uma condição incapacitante causada por uma lesão ou disfunção dos neurónios, sendo que na dor neuropática periférica são os neurónios dos Gânglios da Raiz Dorsal – localizados em ambos os lados da espinal medula – que estão afetados.
“É nestes neurónios que tudo acontece”, sublinha o i3S, esclarecendo que estes estabelecem a ligação entre o nosso corpo e o sistema nervoso central até ao cérebro.
“A dor neuropática periférica resulta da geração de impulsos nervosos nestes neurónios, que são recebidos e interpretados pelo sistema nervoso central como uma sensação desagradável de dor, mesmo na ausência de qualquer estímulo ou quando os estímulos não deveriam causar dor”, acrescenta.
Citada no comunicado, a investigadora Mónica Sousa, que coordenou a equipa de especialistas, afirma que “há muito que se suspeita” que são os Gânglios da Raiz Dorsal quem espoleta o impulso responsável pela sensação de dor, clinicamente designado de ‘atividade espontânea’.
“O que intrigava a equipa era qual o compartimento celular para indução do impulso nervoso que estaria na génese da dor neuropática”, afirma o instituto, destacando que o “grande passo” da investigação foi “mostrar que os neurónios dos Gânglios da Raiz Dorsal possuem um local específico, denominado Segmento Inicial do Axónio, que é a principal fonte de Atividade Espontânea causadora de dor neuropática”.
“Estas descobertas são extremamente importantes para uma melhor compreensão da função dos neurónios dos Gânglios da Raiz Dorsal na saúde e na dor crónica”, considera a investigadora.
Também a investigadora Ana Nascimento salienta que o conhecimento do local subcelular que está na origem do impulso de dor “vai facilitar o desenvolvimento de analgésicos eficazes e precisos, bem como outras novas terapias, para o controlo da dor crónica”.
O próximo passo na investigação passa por desvendar a importância fisiológica deste Segmente Inicial do Axónio, o qual Mónica Sousa acredita que pode ter uma “função crucial no desenvolvimento do neurónio”, seja para “definir a polaridade da célula”, para “ampliar sinais em condições normais” ou até mesmo para “filtrar a informação que circula nos pontos de confluência de sinais que são os Gânglio da Raiz Dorsal”.
LUSA/HN
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