No Dia Mundial do Médico de Família, a SRCOM lançou um alerta sobre a crescente influência das tarefas não clínicas na atividade diária dos médicos de família. Os resultados preliminares do inquérito “Médicos de família da Região Centro – Que realidade?” revelaram que cerca de 70% dos médicos referem que dedicam até 20% em média do seu horário semanal em tarefas não clínicas (administrativas, logísticas ou outras).
Para o dirigente da SRCOM, Carlos Cortes, as tarefas deveriam ser executadas por assistentes técnicos (administrativos e secretários clínicos), de maneira a que os cuidados de saúde dos doentes não sejam comprometidos.
“Os médicos de família devem dedicar-se ao que realmente importa na sua atividade médica: consultas, vigilância de grupos de risco, controlo de doenças crónicas, planeamento familiar, etc. Mais: a relação médico-doente deve ser a prioridade e devemos enfatizar que a Medicina Geral e Familiar é um instrumento fundamental da medicina preventiva e que vai ao encontro dos seus doentes e dos seus cuidadores”, sublinha.
Carlos Cortes relembra, por seu turno, o atual contexto de recursos humanos nesta área: “A breve prazo, 200 mil pessoas vão deixar de ter Médico de Família na região Centro, uma vez que os seus médicos têm mais de 65 anos”. Na região Centro, segundo as previsões a curto prazo, quase 400 mil utentes ficarão sem médico de família. Cenário que, a nível nacional, se traduzirá em mais de 2 milhões de utentes sem médico de família caso o Ministério da Saúde não tenha uma intervenção imediata no sentido de melhorar a planificação dos recursos humanos e ajudar a uma fixação efetiva dos médicos de família”.
O responsável deixou fortes críticas à titula, alertando que “vamos enfrentar um terramoto na demografia médica” e a “Ministra da Saúde continua irresponsavelmente sem planear os recursos humanos que são necessários para o País”.
PR/HN/Vaishaly Camões
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