Numa nota hoje distribuída, a Ordem dos Médicos considera as declarações do autarca “lamentáveis e insultuosas para com estes profissionais de saúde”.
Num vídeo de parte da reunião da Câmara de Odivelas de quarta-feira divulgado nas redes sociais pelo deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, o presidente da autarquia, Hugo Martins, afirmou: Sou contra a valorização da carreira médica. (…) No dia em que na administração pública valorizarmos, vai o privado e dobra o valor e o problema continua na mesma”.
“Não se resolve por aí”, afirmou o autarca, acrescentado: “Mesmo que haja mais incentivos na administração pública, a seguir , o setor privado – por que os médicos recorriam para o setor público – criavam mais incentivos, pagavam mais, dobravam a proposta”.
Hugo Martins disse ainda que “o problema está na formação”: “Enquanto não metermos na cabeça que pode haver juristas com falta de emprego, professores com falta de emprego, arqueólogos com falta de emprego, artistas com falta de emprego, mas médicos não podemos ter, porque os senhores da Ordem dos Médicos….”, disse, sem concretizar a declaração, mas aludindo, mais à frente, à necessidade de formar mais médicos.
“Se Hugo Martins disse que a Ordem dos Médicos defende a qualidade da medicina e defende todos os doentes, estaria certo. Se Hugo Martins disse que os médicos são a profissão com maior responsabilidade técnica, social e ética, porque salvam vidas, estaria certo. Se Hugo Martins disse que a Ordem dos Médicos nunca permitirá que a qualidade da formação dos médicos seja posta em causa por políticos que nunca viram um doente na vida, nem fazem ideia do que isso é e do que tal acarreta, também estaria certo”, escreve a Ordem.
O bastonário, citado no comunicado, afirma que “a falta de respeito pelos médicos e a postura de Hugo Martins é inqualificável e merece repúdio total dos médicos portugueses”.
Miguel Guimarães considera ainda “inacreditável” que “pessoas com cargos públicos demonstrem tamanha falta de conhecimento sobre os temas que abordam, mostrando ‘arrogância’ e provando que muitos dos problemas do país são provocados pela falta de qualidade de quem gere bens públicos”.
LUSA/HN
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