Ana Paula Prata, uma das responsáveis desta iniciativa, explica que, “em Portugal, há um movimento crescente de procura de cuidados respeitosos e especializados na gravidez, parto e puerpério que promovam e respeitem a fisiologia deste momento do ciclo reprodutivo humano. Esta procura acontece simultaneamente às queixas de violência obstétrica, que são preocupantes e que cada vez ganham mais impacto e dimensão na sociedade portuguesa”. Também “a elevada taxa de mortalidade materna, a apresentar uma tendência crescente desde 2017, atingindo um dos valores mais altos dos últimos 38 anos em 2020, e o elevado número de cesarianas e partos instrumentalizados em comparação com os restantes países europeus são alertas da necessidade de atualizar a prestação de cuidados”.
Estes factos motivaram um grupo de peritos da Escola Superior de Enfermagem do Porto, juntamente com outros investigadores, profissionais e associações, a apresentar uma proposta para revolucionar o cuidado materno em Portugal. Surgiu, assim, a ideia de criação de Unidades de Cuidados na Maternidade (UCM) em Portugal, à semelhança das existentes em 16 países da Europa.
“É necessário criar e implementar centros dedicados a mulheres com gravidezes saudáveis, mantendo a qualidade e segurança nos cuidados, as Unidades de Cuidados na Maternidade”, refere a investigadora.
Uma Unidade de Cuidados na Maternidade é um local onde se prestam cuidados na gravidez, no parto e pós-parto a mulheres saudáveis com gestações sem complicações.
Os Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica assumem a responsabilidade principal pela prestação dos cuidados e gestão da unidade. As UCM podem estar localizadas fora (extra-hospitalares) ou adjacentes (hospitalares) a uma unidade obstétrica.
“Nas UCM, durante o trabalho de parto e parto, sempre que necessário, as mulheres têm acesso a serviços de diagnóstico e tratamento médico, incluindo cuidados obstétricos, neonatais e anestésicos” diz a investigadora.
Ana Paula Prata defende que “estas unidades permitem que as mulheres tenham, acima de tudo, direito à escolha”.
A proposta da criação destas unidades surge de um trabalho colaborativo que contou com o apoio da Midwifery Unit Network e que será apresentado na Assembleia da República, para implementação de um projeto piloto.
PR/HN/Rita Antunes
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