Dra. Rita Ribeiro, nutricionista na Clínica Fisiogaspar

GORDURA LOCALIZADA

06/12/2022

A gordura localizada é, frequentemente, apontada pela maioria dos homens e mulheres, como um dos maiores incómodos, principalmente a gordura que se deposita na zona abdominal. A composição corporal de um indivíduo é influenciada por inúmeros fatores, entre os quais se destacam os fatores genéticos e ambientais. Apesar do perfil hormonal e metabólico exercer alguma influência neste aspeto, não são fatores determinantes para o controlo da composição corporal.

De uma maneira geral, as mulheres apresentam uma maior percentagem de massa gorda do que os homens, característica que se desenvolve com o decorrer da idade, com a puberdade, em que os homens apresentam uma maior predisposição para um maior acúmulo de gordura na região mais central (abdominal, visceral), enquanto que as mulheres tendem a acumular mais gordura na zona mais periférica (glúteo-femoral). A gordura que se acumula na região mais central do corpo, principalmente a gordura visceral, é a que parece apresentar um maior risco para a saúde cardiovascular. O tecido adiposo visceral, que representa o acúmulo de gordura entre os órgãos (diferente de gordura subcutânea, que fica por baixo da pele e que conseguimos agarrar), está associado a um perfil mais inflamatório e ao desenvolvimento de resistência à insulina, o que, por sua vez, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas.  Neste sentido, será importante estarmos atentos, não só ao peso, mas também à avaliação do perímetro da cintura, dada a sua forte correlação com tecido adiposo visceral, que deverá estar abaixo de 80 cm nas mulheres e de 94 cm no caso dos homens.

Um maior acúmulo de gordura em zonas mais específicas do corpo está relacionado com a genética, no entanto, não existem dietas, alimentos ou tipos de treino direcionados especificamente para a perda de gordura localizada. A perda de peso (leia-se perda de massa gorda) ocorrerá através da promoção de um balanço energético negativo e ocorre como um todo. Sendo algo transversal, quer a homens, quanto a mulheres! De acordo com este princípio devemos consumir um determinado número de calorias abaixo daquelas que o corpo gasta e devemos promover esta restrição de energia ao longo do tempo, até à obtenção dos resultados. Neste sentido, devemos ser consistentes e pacientes, ajustar a alimentação de forma a estar em défice calórico e, idealmente, associar a prática de exercício físico.

De salientar que o ambiente obesogénico no qual nos inserimos nos dias de hoje acaba por exercer, também, um impacto significativo na composição corporal. Este ambiente potencia ou promove comportamentos menos saudáveis que podem ter como consequência o excesso de peso, entre os quais se destaca, o fácil acesso a alimentos ultraprocessados, de elevada densidade energética e baixa densidade nutricional.

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