“Apelamos à mobilização dos utentes e dos profissionais de saúde, porque a situação é muito grave e o SNS [Serviço Nacional de Saúde] está em risco”, disse à agência Lusa José Lourenço, da Comissão de Utentes da Saúde do Seixal, após uma reunião com o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, no distrito de Setúbal, na sequência do encerramento temporário nos últimos dias dos serviços de urgência de obstetrícia de diversos hospitais da Península de Setúbal.
Segundo José Lourenço, na quinta-feira, dia 23 de junho, às 14:30, irá acontecer “uma primeira concentração de utentes e profissionais de saúde, com a presença de representantes de diversos sindicatos, junto ao Agrupamento de Centros de Saúde de Almada e Seixal, na Amora”, estando já em preparação outras ações de luta em defesa do SNS.
Da reunião das Comissões de Utentes da Saúde de Almada e do Seixal realizada hoje com o Conselho de Administração do HGO, José Lourenço disse ter trazido “uma mensagem de esperança”, lembrando que muitos dos problemas daquela unidade hospitalar são comuns a todo o SNS.
“O Conselho de Administração do HGO conseguiu garantir que, pelo menos até ao final deste mês, em termos de ginecologia e obstetrícia, não haverá novo encerramento e que, de alguma forma, isto será extensível a outras urgências, nomeadamente a urgência geral”, disse.
José Lourenço acrescentou ainda que “a administração do HGO também está em contacto e em reuniões com as administrações hospitalares da Península de Setúbal [Centros Hospitalares de Barreiro/Montijo e de Setúbal], para que, no período de férias de verão, que é normalmente o mais complicado, não haja sobreposições relativamente ao encerramento de serviços, ou seja, se fechar o Barreiro, que Setúbal e o Garcia de Orta estejam abertos e não haja esse tipo de sobreposições”.
Para Luísa Ramos, da Comissão de Utentes da Saúde de Almada, que falava aos jornalistas após a reunião no Hospital Garcia de Orta, as medidas que estão a ser tomadas para fazer face ao encerramento dos serviços de urgência dos hospitais “são paliativas” e “não resolvem os problemas estruturais de que o Serviço Nacional de Saúde necessita”.
“Não se aposta, de facto, numa carreira na fixação de médicos e enfermeiros, não se aposta na dignificação destes profissionais, e daí não haver profissionais que cheguem para o normal funcionamento dos serviços”, disse, salientando que não são questões novas, mas problemas conhecidos desde há vários anos pelo Ministério da Saúde e pelo Governo.
“Não se percebe a teimosia da ministra da Saúde e consideramos que é uma teimosia não resolver estes problemas. A ministra da Saúde tem que dar resposta, a ministra tem que resolver o problema dos médicos e dos enfermeiros para que os serviços não encerrem”, frisou a representante dos Utentes da Saúde no concelho de Almada.
LUSA/HN
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