O projeto, liderado por Marta Costa, da Escola de Medicina da Universidade do Minho, consiste em criar uma “nova solução para os doentes oncológicos, sendo um tratamento menos agressivo e com o potencial de aumentar a taxa de sobrevivência destes doentes”, afirmou a Universidade de Coimbra, durante a cerimónia de entrega do prémio, que decorreu quarta-feira na Sala do Senado.
A solução encontrada por aquela equipa baseia-se na “molécula SM001, segura e eficaz, com um modo de ação inovador, diferente dos outros medicamentos atualmente em uso no cancro”, tendo mostrado “uma atividade notável em cancros agressivos e com mau prognóstico, como o carcinoma de células renais”.
Este carcinoma é o cancro mais letal do sistema urológico, tendo uma mortalidade aos cinco anos após diagnóstico de 47% e de 92% para os estádios III e IV, respetivamente.
“Este é um prémio que muito nos honra”, afirmou a investigadora Marta Costa, explicando que o perfil da molécula SM001 “é único”, tendo um nível de toxicidade “seguro e promissor”, sem registo de efeitos adversos em modelos animais.
A equipa terá mais dois anos de desenvolvimento pré-clínico antes de entrar nos primeiros ensaios em humanos, e, apesar de o foco da investigação estar naquele carcinoma de células renais, a molécula apresenta “muito potencial noutros cancros agressivos”, frisou Marta Costa.
Da equipa premiada, fazem ainda parte Fátima Baltazar, Fernanda Proença e Teresa Dias Coelho.
Durante a cerimónia, o presidente do júri, Seabra Santos, antigo reitor da Universidade de Coimbra, realçou que o júri “rapidamente chegou a um consenso” sobre o projeto vencedor.
No seu discurso, Seabra Santos frisou a importância da aposta na transferência de conhecimento para as empresas, para se poder aproveitar o esforço dos últimos 20 anos na criação de um sistema científico no país “de qualidade internacional”.
Já o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, parabenizou a equipa premiada e congratulou-se pela existência do galardão, que é atribuído há 20 anos, com periodicidade bienal.
“Depois da pandemia, ficámos a ter a certeza do que dizíamos e anunciámos em 2006. Nenhum de nós tinha ouvido falar da Moderna ou da Biontech e a vacina [contra a covid-19] surge num grupo de investigação nas universidades. O mundo é dos pequenos se souberem fazer alianças inteligentes e estratégicas com os grandes. Sonho que o prémio venha a representar uma destas descobertas importantes para toda a humanidade”, disse o presidente da Bluepharma, Paulo Rebelo.
O projeto vencedor recebe um prémio monetário de 20 mil euros, que poderá traduzir-se ainda num investimento suplementar de 30 mil euros no futuro.
O júri do Prémio Inovação Bluepharma/Universidade de Coimbra, presidido por Seabra Santos, é constituído por Luís Pereira de Almeida (Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra), Luís Almeida (BlueClinical), Miguel Botto (Portugal Ventures) e Sérgio Simões (Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e Bluepharma).
O prémio visa distinguir projetos científicos de excelência ao nível internacional na área das ciências da saúde que apresentem elevado potencial de transformação em produtos ou serviços.
LUSA/HN
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