Esta iniciativa “pretende contribuir para um currículo europeu e internacional compartilhado no ensino superior”, que inclua as competências necessárias para a “prestação de um cuidado de enfermagem culturalmente congruente”, de acordo com o comunicado enviado aos jornalistas.
Ana Paula Monteiro, professora da ESEnfC e coordenadora deste projeto europeu financiado pelo programa Erasmus+, explica que o plano “visa desenvolver práticas pedagógicas inovadoras na formação de estudantes de enfermagem para intervir em contextos multiculturais e proteger a saúde de migrantes, requerentes de asilo e refugiados”.
Além da ESEnfC, duas outras instituições de ensino superior europeias – Universidad de Castilla – La Mancha (Espanha) e UC Leuven-Limburg (Bélgica) – cooperam neste projeto, que junta peritos nas áreas de enfermagem, psicologia, sociologia, antropologia e ciências da saúde.
Segundo os responsáveis deste consórcio, “embora a inclusão social de migrantes, refugiados e requerentes de asilo seja uma prioridade na Europa, a educação em Enfermagem não está a capacitar os estudantes, como futuros profissionais, a intervir em contextos multiculturais”.
Acresce, para Ana Paula Monteiro, o facto de a Europa estar a enfrentar, “mais do que nunca, o impacto da mobilidade de pessoas”.
“Desde o início do milénio, mais de 20 mil seres humanos morreram tentando atravessar o mar Mediterrâneo e chegar à Europa”, refere a professora da ESEnfC, segundo a qual “o conflito armado na Ucrânia” está, também, a ter uma influência sem precedentes no decurso dos acontecimentos, sendo que “em 2022 (cálculo das Nações Unidas) um número recorde de 100 milhões de pessoas foram obrigadas a deslocação forçada devido a perseguições, conflitos armados, violações de direitos humanos ou crises ambientais”.
Para a especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, também doutorada em Ciências Biomédicas, “devemos reinventar urgentemente a educação em Enfermagem para enfrentar estes desafios comuns e capacitar os estudantes de Enfermagem com conhecimento científico e inovação necessários para moldar futuros sustentáveis e pacíficos para todos, ancorados na justiça social, económica e ambiental”.
“Em cada minuto há mais 24 refugiados no mundo (dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)”, lembrou Ana Paula Monteiro, ao referir que “é por causa destas pessoas extraordinárias que faz sentido” contruir em conjunto o modelo educativo MulticulturalCare.
Além das recomendações clínicas de boas práticas nesta área, o modelo educativo em construção será composto por uma dimensão pedagógica, para estimular os estudantes de Enfermagem a pensarem criticamente sobre as realidades que os rodeiam. Isso será possível através de cenários de simulação sobre a temática, que serão disponibilizados gratuitamente aos alunos, professores e enfermeiros, em formato de e-book, como ferramenta didática de aprendizagem.
MulticulturalCare – Educating students through innovative learning methods to intervene in multicultural complex contexts é um projeto apoiado pela Comissão Europeia, através do programa Erasmus+, com uma subvenção de cerca de 312 mil euros.
PR/HN/RA
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