Monkeypox: Investigador do INSA defende proteção para grupos de risco

1 de Julho 2022

O investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge João Paulo Gomes defendeu na quinta-feira que há grupos de risco, nomeadamente grávidas, crianças e imunodeprimidos, que devem ser protegidos da infeção pelo vírus Monkeypox.

“As pessoas têm de perceber que, de facto, o tipo de transmissão envolve um contacto físico direto e muito próximo e, portanto, têm que evitar pessoas que saibam que estão infetadas ou que possam contactar com pessoas que possam estar infetadas”, disse o investigador no dia em que Portugal ultrapassou os 400 casos de Monkeypox.

João Paulo Gomes salientou que há que ter o cuidado de evitar esse contacto para proteger não só a pessoa com quem se lida normalmente, mas também “há grupos de risco que devem ser protegidos”.

“Estamos a falar em grávidas, imunocomprometidos, em crianças e mundialmente já foram reportados casos nestes grupos”, advertiu o investigador.

Na quarta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou-se preocupado com a transmissão do vírus Monkeypox a crianças e grávidas e anunciou que vai convocar uma nova reunião do Comité de Emergência.

“Estou preocupado com a transmissão porque sugere que o vírus está a estabelecer-se e pode deslocar-se para grupos de alto risco, incluindo crianças, pessoas imunodeprimidas e grávidas”, salientou Tedros Adhanom Ghebreyesus em conferência de imprensa.

João Paulo Gomes afirmou que o vírus que está a circular é causado por uma “linhagem menos agressiva”, com origem na África Ocidental e não na África Central, o que é uma “boa notícia”.

Contudo, vincou que não se sabe, ”em termos de doença, aquilo que pode causar em grupos de risco, ou seja, quando ele for introduzido de uma forma não controlada na comunidade”, o que se deve “evitar a todo o custo”.

“Portanto, as pessoas têm que se mentalizar de facto que têm que ter cuidado, têm que se proteger para evitarmos obviamente que as coisas de descontrolem”, declarou.

“Ainda não estão descontroladas, a Organização Mundial da Saúde não declarou estado de emergência, mas sei que durante esta semana voltará a reunir para analisar tudo isso”, concluiu.

Portugal é o país que mais casos por 100 mil habitantes e João Paulo Gomes diz não saber as razões para este facto, mas apontou como hipóteses as autoridades de saúde estarem a fazer “um rastreio muito exaustivo dos casos” e a comunicação estar a chegar às pessoas.

“As potenciais pessoas infetadas estarão cientes de que devem recorrer aos serviços de saúde ao mínimo sinal clínico ou à mínima suspeita de que terão tido um contacto de risco”, afirmou o responsável da Unidade de Investigação do Núcleo de Genómica e Bioinformática do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA

Por outro lado, poderá ter a ver com a atividade turística. “Nós temos muito bom tempo, há muitas viagens de turismo e muito contacto social e, portanto, Portugal, está sempre no centro da Europa neste aspeto do turismo”, observou.

“Não é por acaso que Portugal, Espanha, Reino Unido e Alemanha, de alguma forma, são os países com maior número de notificações”, rematou o investigador que liderou uma investigação do INSA divulgada esta quinta-feira.

O estudo do INSA sobre a sequenciação genética do vírus ‘Monkeypox’, publicado na revista científica Nature Medicine, refere a origem única do surto, mas indica que potencialmente terão existido várias introduções em países diferentes e salienta o número anormalmente elevado de mutações do vírus, uma média de 50, contrariando expectativas da comunidade científica tendo em conta as características do agente em causa.

Em Portugal, já foram reportados 402 casos de ‘Monkeypox’.

Até 27 de junho, tinham sido reportados um total de 4.357 casos em 48 países.

LUSA/HN

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