Desde março, altura do início da crise sismovulcânica naquela ilha do arquipélago açoriano, o CIVISA já registou mais de 41 mil sismos naquela ilha.
Quanto aos abalos sentidos hoje, foi registado um às 10:09 locais (11:09 em Lisboa), que teve epicentro a cerca de dois quilómetros a este de Santo Amaro, na ilha de São Jorge.
Este sismo foi sentido com intensidade máxima IV da escala de Mercalli Modificada, nas freguesias de Velas, Santo Amaro, Norte Grande e Urzelina, no concelho de Velas, na ilha de São Jorge.
Às 10:57, foi registado outro evento sísmico, com magnitude de 2,2 na escala de Richter e epicentro a cerca de um quilómetro a nor-noroeste de Santo Amaro.
Este segundo sismo foi sentido com intensidade máxima III/IV, na escala de Mercalli Modificada, na freguesia de Santo Amaro.
Com uma intensidade de IV na Escala de Mercali modificada, os “carros estacionados balançam”, as “janelas, portas e loiças tremem” e “os vidros e loiças chocam ou tilintam”, podendo as paredes ou estruturas de madeira ranger, revela o IPMA na sua página da Internet.
Com a intensidade III, considerada Fraca, o abalo é “sentido dentro de casa” e “os objetos pendentes baloiçam”, sentindo-se uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados”,
“Até ao momento, foram registados aproximadamente 41.333 eventos de baixa magnitude e de origem tectónica. Entre as 00:00 e as 10:00 de hoje foram contabilizados aproximadamente 118 sismos”, refere o CIVISA, num ponto de situação publicado hoje na sua página da internet.
Desde 19 de março, “foram identificados cerca de 292 sismos sentidos pela população”, tendo o sismo de maior magnitude (3,8 na escala de Richter e epicentro a cerca de dois quilómetros das Velas) ocorrido em 29 de março, às 21:56 (22:56 em Lisboa).
O CIVISA adianta que a atividade sismovulcânica que se tem vindo a registar na ilha de São Jorge “continua acima do normal”, estendendo-se, de grosso modo, entre a Ponta dos Rosais e a zona do Norte Pequeno, na Silveira.
“A atividade sísmica das últimas semanas apresenta uma ligeira tendência decrescente, por vezes interrompida por pequenos períodos de maior frequência e/ou energia libertada, situando-se presentemente os hipocentros, no geral, a profundidades superiores a cinco quilómetros”, lê-se no comunicado.
Segundo o CIVISA, os dados existentes desde o início de abril, referentes à monitorização geodésica, “não evidenciam deformação significativa na zona epicentral” e as campanhas de medição de gases e temperatura no solo “não resultaram, até à data, na identificação de anomalias resultantes da atividade sismovulcânica”.
Também as campanhas de hidrogeoquímica nas águas subterrâneas “não têm revelado variações significativas que possam ser associadas à crise sismovulcânica”.
“A integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reativadas, sendo de admitir que no início do fenómeno ocorreu uma intrusão magmática em profundidade”, salienta o CIVISA.
Em 08 de junho, o CIVISA baixou o nível de alerta na ilha de São Jorge de V4 (ameaça de erupção) para V3 (sistema ativo sem iminência de erupção).
“A diminuição da atividade sísmica, ainda que de forma lenta, e a observação de tal padrão ao longo das últimas semanas, assim como a ausência de outros sinais anómalos ao nível da deformação, dos gases e das águas, levaram a determinar a descida do nível de alerta científico”, justificou.
A ilha estava desde 23 de março, às 15:30, com o nível de alerta vulcânico V4 de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, na sequência da crise sismovulcânica registada desde 19 de março.
Antes disso, tinha sido ativado o alerta V2, no dia 20 de março às 00:40, e o V3, no mesmo dia, pelas 02:40.
Segundo o CIVISA, a atividade sísmica continua “muito acima dos valores de referência para a região, pelo que se mantém a possibilidade de se registarem eventos sentidos e não se pode excluir a eventual ocorrência de sismos de magnitude mais elevada”.
Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores “mantém os níveis de monitorização na ilha de São Jorge e está a providenciar o reforço da rede de observação sismovulcânica permanente, no sentido de, caso o padrão de atividade se inverta, poder detetar sinais precursores de uma nova situação pré-eruptiva”.
LUSA/HN
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