A alergia ao sol é o nome vulgarmente utilizado para a fotossensibilidade que ocorre em diversas dermatoses. Existem várias doenças de pele, conhecidas como fotodermatoses, que agravam com o sol, como o lupus e a rosácea e há também medicamentos, como alguns antibióticos e anti-inflamatórios, que causam reação fototóxica, que é uma queimadura solar exagerada. O contacto com algumas plantas, como as arrudas e as figueiras, podem ainda causar estas reações exageradas nas áreas da pele com as quais tiveram contacto. Existem também formas muito raras de urticária, urticária solar, em surgem lesões poucos minutos após a exposição solar.
Em todas estas doenças, a exposição solar causa assim reações inflamatórias excessivas na pele que interferem com a saúde e qualidade de vida.
Estas reações podem ser ligeiras a moderadas, como as que ocorrem na erupção solar polimorfa, que é a principal fotodermatose a que os doentes se referem quando afirmam ter alergia ao sol (figura 1). Existem também reações inflamatórias graves, mais raras e muitas vezes associadas a medicamentos, que podem obrigar a internamento (figura 2).
A erupção solar polimorfa, popularmente conhecido como alergia ao sol, é a fotodermatose mais comum e este artigo irá abordar os seus fatores de risco, tratamento e prevenção.
Erupção solar polimorfa (alergia ao sol)
É uma doença imunomediada em que a exposição à radiação ultravioleta, nas áreas que habitualmente não estão expostas, causa lesões na pele que causam prurido e que podem levar até duas semanas a resolver.
É mais frequente em mulheres nas primeiras três décadas de vida e na Europa ocidental pode ocorrer entre 10-20% das pessoas. História familiar desta fotodermatose é referida também por 10 a 20% dos doentes.
As manifestações clínicas são pápulas e placas pruriginosas que surgem após a primeira exposição solar na primavera/verão nas áreas do decote (figura 1),
metade superior do tronco e braços. As áreas expostas todo o ano, como a face, antebraços e mãos, não são, habitualmente, atingidas.
Estas lesões recorrem todos os anos na mesma altura e localização e interferem com a qualidade de vida dos doentes, impedindo, por exemplo, o
gozo de férias de praia ou desporto ao ar livre quando surgem as manifestações clínicas.
O tratamento depende da gravidade e extensão das lesões, mas evitar a exposição solar é essencial até à resolução da fotodermatose. Nas formas
mais ligeiras e comuns, os anti-histamínicos orais e cremes com corticoides controlam a reação, mas nas formas mais graves e extensas pode ser
necessário utilizar corticoides por via oral.
Estas formas graves devem ainda ter uma observação médica urgente e, posteriormente, serem referenciadas a Consulta de Dermatologia, onde
poderão iniciar imunossupressão e/ou dessensibilização à luz com fototerapia.
Esta doença é crónica e recorre sempre nas mesmas épocas, motivos pelos quais a prevenção é melhor estratégia nesta forma de alergia solar. Os
cuidados a ter são:
Evitar a exposição solar entre as 11:00 e as 16:00, utilizar vestuário protetor, como o chapéu, nas atividades ao ar livre e colocar protetor solar com fator de proteção ≥ 30. Na praia, este protetor deve ser repetido de 2 em 2 horas se houver ida ao mar.
Utilização, preferencialmente nos meses anteriores à exposição solar de suplementos com vitamina D, betacarotenos e antioxidantes, como o
Polypodium leucotomos, que têm demonstrado alguma eficácia em estudos sobre a prevenção desta fotodermatose
Evitar exposições solares intensas na primavera/verão das áreas que habitualmente estão cobertas pelo vestuário. A exposição gradual destas áreas, durante poucos minutos em cada dia, pode ajudar a prevenir o desenvolvimento desta fotodermatose
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