Autarcas da AMP não querem continuar a ser “barrigas de aluguer” na vacinação

8 de Julho 2022

As autarquias da Área Metropolitana do Porto (AMP) afirmaram hoje não querer “continuar a ser as barrigas de aluguer” do Governo na vacinação contra a Covid-19 e exigem a “ressuscitação dos centros de saúde” para aquele efeito.

Na reunião desta manhã do Conselho Metropolitano, o presidente, Eduardo Vítor Rodrigues, alertou que as autarquias “não têm capacidade financeira para manter a logística” dos centros de vacinação e considerou que os municípios continuarem a suportar as campanhas de vacinação contra a Covid-19 é “uma transferência de competências sem assinar nenhum acordo”.

O também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia avisou que, naquele município, a autarquia não está disposta a continuar a operacionalizar a vacinação, salientando que “foi uma resposta em situação de emergência mas agora pode, e deve, ser planeada, e de outra forma”.

“Fizemos, nós autarquias, um trabalho extraordinário. Chegou a ser prometida comparticipação [pelo Governo], mas o dinheiro ou não chegou, ou o que chegou foram trocos”, disse o autarca socialista, dando conta da posição de Vila Nova de Gaia.

“No que me diz respeito, não estou vocacionado para voltar a ser a barriga de aluguer de tudo isto. Temos que reconhecer que estávamos perante uma emergência. Já tivemos tempo suficiente para fazer as devidas adaptações e, além do mais, depois de tudo [o que foi feito], nem um obrigado”, explicou.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, a solução “já não passa por grandes centros de vacinação como até ao momento, mas por ressuscitar os centros de saúde” já existentes nos municípios.

“Eu entendo a facilidade de centralizar toda a operação num sítio. Mas não é comportável continuar a ocupar espaços, como pavilhões que deixam de ser usados para os fins para os quais foram criados, para uma vacinação que pode agora ser planeada com cuidado, tempo, e ser feita nos centros de saúde, mesmo que precisem de ajustes”, referiu.

A solução apontada por Eduardo Vítor mereceu o apoio dos autarcas presentes na reunião, embora com algumas divergências quanto ao modo de mostrar o posicionamento de cada autarquia.

“Sem fazerem transferência de competências estão a transferir as competências todas”, referiu o vice-presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, com o autarca de Vale de Cambra, José Pinheiro, a salientar que “é o momento de dizer basta” e a vice-presidente da Câmara de Valongo, Ana Rodrigues, salientou a “verba demasiado elevada” que foi despendida para manter o centro de vacinação naquele município.

No entanto, algumas vozes foram dissonantes sobre se a AMP devia tomar uma posição conjunta sobre a vacinação.

“Vou ser a voz dissonante. Relembro que quando surgiu a pandemia os municípios decidiram criar individualmente os centros. Não percebo agora a necessidade da decisão metropolitana quando antes foi individualmente”, referiu o vice-presidente de São João da Madeira, José Vieira.

Também a autarca de Arouca, Margarida Belém, chamou a atenção para as “particularidades de cada município”.

“No meu caso, Arouca, a vacinação foi feita no Centro de Saúde”, explicou.

No final da discussão, e embora seja unânime entre as autarquias presentes na reunião a necessidade da vacinação contra a Covid-19 ser planeada sem “sobrecarregar as câmaras”, foi decidido que a AMP não tomaria uma posição enquanto órgão.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights