UE identifica maiores ameaças à saúde pública e coloca pandemias em primeiro

12 de Julho 2022

A União Europeia elaborou, pela primeira vez, uma lista com as principais ameaças à saúde pública para as quais se deve preparar, identificando como as três maiores “agentes patogénicos com elevado potencial pandémico”, ameaças químicas e resistência antimicrobiana.

A lista prioritária das três principais ameaças para a saúde que requerem coordenação de medidas a nível da UE no contexto de contramedidas médicas foi elaborada pela nova Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA), que definiu três categorias de ameaças de perigo de vida ou perigos gravemente prejudiciais para a saúde que têm o potencial de se propagarem entre os Estados-membros.

A HERA identifica como primeira grande ameaça transfronteiriça os agentes patogénicos com elevado potencial pandémico, apontando que tal “inclui a análise de famílias virais específicas que suscitam preocupação, tendo também em conta a natureza zoonótica da maioria das doenças infeciosas emergentes de alta consequência” e especificando que “esta categoria inclui principalmente as famílias virais de ácido ribonucleico (ARN) respiratório”.

A autoridade europeia justifica o nível de ameaça com o modo de transmissão rápida, a probabilidade de atingir populações mais vulneráveis e o seu elevado potencial para causar altas taxas de morbidade e mortalidade.

A segunda grande ameaça à saúde pública identificada prende-se com ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, de origem acidental ou deliberada, “tendo em conta as tensões geopolíticas globais, bem como incidentes causados por atores desonestos”. As substâncias QBRN foram identificadas com base na sua probabilidade de ocorrência e no seu potencial impacto na saúde humana”, aponta a HERA.

Ao nível das ameaças químicas, a autoridade identifica substâncias com base na probabilidade de ocorrerem e no potencial impacto na saúde humana, resultando em morte, incapacidade temporária ou danos permanentes, independentemente da sua origem ou do seu método de produção, enquanto relativamente às ameaças biológicas sublinha o seu “potencial pandémico”.

As ameaças radiológicas e nucleares são identificadas com base na probabilidade da sua ocorrência em vários cenários, como por exemplo resultante de um incidente ou acidente, ou a sua utilização numa libertação deliberada.

Por fim, a terceira grande ameaça sanitária identificada pela UE resulta da resistência antimicrobiana, que, destaca a HERA, “representa um dos maiores riscos para a saúde humana”, estimando-se que provoque por ano 1,27 milhões de mortes a nível mundial.

A resistência antimicrobiana ocorre quando microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) sofrem alterações quando expostos a antimicrobianos (antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo), tornando-se resistentes, e como resultado os medicamentos tornam-se ineficazes e as infeções persistem no corpo, aumentando também o risco de propagação a outras pessoas.

“Pela primeira vez, apresentamos hoje as principais ameaças sanitárias para as quais nos devemos preparar, e trabalhar para responder. Este exercício é o primeiro passo para garantir que as contramedidas médicas possam ser disponibilizadas e acessíveis a todos os Estados-membros rapidamente, quando necessário. A HERA foi criada como a nossa torre de vigilância para futuras emergências de saúde, e congratulo-me por vê-la começar agora a cumprir de forma tangível esta missão”, comentou a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides.

LUSA/HN

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