“A FNAM teve conhecimento, através da Administração Central do Sistema de Saúde, que apenas 63% das vagas abertas para o processo de recrutamento dos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar foram escolhidas”, avançou a estrutura sindical em comunicado.
Segundo a federação, desde que existe a especialidade Medicina Geral e Familiar (MGF), tendo os primeiros médicos de família do país sido formados em 1982, que “não se assistiu a uma tão baixa ocupação de vagas”.
De acordo com a FNAM, os novos médicos de família estão a escolher trabalhar fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e mesmo fora do país, o que se deve ao congelamento há 10 anos das grelhas salariais, que levou a uma perda de poder de compra de cerca de 20%.
“Simultaneamente, há uma grande falta de perspetiva de progressão na carreira médica, quer em termos académicos quer financeiros, devido ao congelamento das carreiras desde 2005”, alertou a estrutura liderada por Noel Carrilho.
Além disso, a “desmotivação” dos recém-especialistas para concorrerem ao SNS deve-se à “desvalorização da especialização” em MGF, devido à possibilidade prevista no Orçamento do Estado para 2022 de serem contratados para os centros de saúde clínicos sem especialidade para colmatar a falta de médicos de família.
Perante isso, a FNAM anunciou que apoia o protesto, organizado pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, previsto para sábado junto ao Ministério da Saúde, contra essa possibilidade.
No parlamento na quinta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido garantiu que a contratação de clínicos sem especialidade para colmatar a falta de médicos de família pretende responder aos casos de doença aguda, não sendo considerados médicos de família, nem contando para os rácios de cobertura de MGF.
Na mesma ocasião, a secretária de Estado da Saúde adiantou que 272 novos médicos de família estão prontos para iniciar funções no SNS, no âmbito do concurso aberto a 17 de junho.
Estas contratações, afirmou Maria de Fátima Fonseca, correspondem “a um incremento bastante expressivo da cobertura de utentes com médicos de família”.
Adiantou ainda que as vagas que ficaram por ocupar podem vir a sê-lo através dos procedimentos concursais a desenvolver a nível regional pelas administrações regionais de saúde, além do concurso de segunda época em novembro ou dezembro.
LUSA/HN
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