FNAM diz que ocupação das vagas de MGF é a mais baixa desde que existe a especialidade

16 de Julho 2022

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alertou esta sexta-feira que foram preenchidas 63% das vagas abertas em junho para recém-especialistas em medicina geral e familiar, a mais baixa ocupação de lugares disponíveis desde a criação dessa especialidade.

“A FNAM teve conhecimento, através da Administração Central do Sistema de Saúde, que apenas 63% das vagas abertas para o processo de recrutamento dos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar foram escolhidas”, avançou a estrutura sindical em comunicado.

Segundo a federação, desde que existe a especialidade Medicina Geral e Familiar (MGF), tendo os primeiros médicos de família do país sido formados em 1982, que “não se assistiu a uma tão baixa ocupação de vagas”.

De acordo com a FNAM, os novos médicos de família estão a escolher trabalhar fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e mesmo fora do país, o que se deve ao congelamento há 10 anos das grelhas salariais, que levou a uma perda de poder de compra de cerca de 20%.

“Simultaneamente, há uma grande falta de perspetiva de progressão na carreira médica, quer em termos académicos quer financeiros, devido ao congelamento das carreiras desde 2005”, alertou a estrutura liderada por Noel Carrilho.

Além disso, a “desmotivação” dos recém-especialistas para concorrerem ao SNS deve-se à “desvalorização da especialização” em MGF, devido à possibilidade prevista no Orçamento do Estado para 2022 de serem contratados para os centros de saúde clínicos sem especialidade para colmatar a falta de médicos de família.

Perante isso, a FNAM anunciou que apoia o protesto, organizado pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, previsto para sábado junto ao Ministério da Saúde, contra essa possibilidade.

No parlamento na quinta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido garantiu que a contratação de clínicos sem especialidade para colmatar a falta de médicos de família pretende responder aos casos de doença aguda, não sendo considerados médicos de família, nem contando para os rácios de cobertura de MGF.

Na mesma ocasião, a secretária de Estado da Saúde adiantou que 272 novos médicos de família estão prontos para iniciar funções no SNS, no âmbito do concurso aberto a 17 de junho.

Estas contratações, afirmou Maria de Fátima Fonseca, correspondem “a um incremento bastante expressivo da cobertura de utentes com médicos de família”.

Adiantou ainda que as vagas que ficaram por ocupar podem vir a sê-lo através dos procedimentos concursais a desenvolver a nível regional pelas administrações regionais de saúde, além do concurso de segunda época em novembro ou dezembro.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

MAIS LIDAS

Share This