Numa sessão online promovida pela AUCC, subordinada ao tema “Gestão e Administração de Serviços de Enfermagem”, o especialista em Enfermagem Comunitária começou por enumerar alguns dos desafios que o sistema de saúde tem vindo a enfrentar.
De acordo com o especialista, o envelhecimento da população e a exigência cada vez mais acentuada dos cidadãos, que “querem novas respostas públicas numa área fulcral” como a saúde, são principais reptos do sistema de saúde português.
Apesar de admitir que os últimos governos constitucionais e as autoridades de saúde têm vindo a reconhecer a importância da participação ativa dos cidadãos na promoção de melhores cuidados de saúde, a verdade é que “na prática isso nem sempre acontece”.
Tito Fernandes defende que o “doente constitui o centro do sistema de saúde”, devendo, por isso, ser reconhecido como “gestor, decisor, avaliador e agente de mudança”.
Na sua intervenção, o especialista cita as três fases da centralidade do cidadão defendidas pelo Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. De acordo com Pedro Lopes Ferreira, deve ser garantido a todos os doentes o acesso aos serviços de saúde; facilitada a utilização dos serviços e promovida a literacia em saúde.
“Esta centralidade que estamos a falar requer ainda a avaliação por parte do cidadão dos cuidados que lhe são prestados, até porque a satisfação dos utilizadores tem um impacto substancial na adesão à terapêutica e no recuperar das doenças”, frisa Tito Fernandes.
Segundo o enfermeiro de família é essencial que seja garantida “a monitorização sistemática da opinião dos utilizadores do SNS sobre a qualidade dos cuidados recebidos e do desempenho dos serviços de saúde”.
O especialista considera que a centralidade do doente deve fazer parte das políticas internacionais, nacionais, regionais e das próprias organizações de saúde.
Tito Fernandes conclui que apesar de existirem “experiências que se mostraram bem-sucedidas”, ainda há um “longo caminho a percorrer”.
HN/Vaishaly Camões
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