A organização não-governamental refere que a crise alimentar nos países da África oriental – onde milhões de pessoas enfrentam uma “alarmante” situação de fome – aumentou consideravelmente em regiões como a Etiópia.
No país africano, a situação de fome é cinco vezes superior à média mundial no que diz respeito ao risco alimentar.
“Estima-se que a cada 48 uma pessoa morra na Etiópia, Quénia e Somália, onde se agrava a situação de seca, sendo que se verificam os efeitos da guerra na Ucrânia que fez disparar os preços dos alimentos”, alerta a Oxfam.
O relatório “Profiting from Pain” (“Lucros da Dor”) da Oxfam, sobre o período entre março de 2020 e março de 2022, conclui que “os milionários” do setor da alimentação aumentaram os lucros em 382 mil milhões de dólares (quase 370 mil milhões de euros).
Deste modo, refere a Oxfam, “menos de duas semanas de lucros seriam mais do que suficientes para financiar a totalidade do programa de recolha de fundos da ONU que pede 6.200 milhões de dólares para a África oriental.
Neste momento as Nações Unidas só conseguiram reunir 16% do valor que foi pedido.
Hanna Saarinen, responsável pelo secção Política Alimentar da Oxfam, disse que “se está a juntar uma quantidade monstruosa de riqueza no topo das cadeias (empresas) de distribuição de alimentos a nível mundial” enquanto que o aumento do preços dos alimentos deixa milhões de pessoas sem comida.
Saarien pediu um novo sistema para “acabar com a fome” e instou os governos a mobilizarem os recursos para “prevenirem o sofrimento humano”.
Nesse sentido, acrescentou, “uma boa opção seria a tributação dos ‘super-ricos’ que viram disparar a riqueza até níveis sem precedentes nos últimos dois anos”.
Segundo a Oxfam, as habitantes da África Oriental gastam 60% dos salários em alimentação sendo que a região depende de forma excessiva de alimentos básicos importados.
Os alimentos e bebidas representam na Etiópia 54% do IPC (Índice de Preços de Consumo).
No Reino Unido o valor do mesmo índice é de 11,6%.
A organização não-governamental lamenta que “enquanto muitas pessoas, nos países ricos, lutam contra a inflação, nos países da África Oriental enfrentam diretamente situações de fome e de pobreza”.
A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, sigla em inglês), bloco composto por oito países do leste do continente africano alertou no passado mês de maio que o número de pessoas que enfrentam fome na região está a aumentar devido à seca atingindo neste momento 40,4 milhões de habitantes.
LUSA/HN
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