No dia 22 de julho, comemora-se o Dia Mundial do Cérebro, criado em 2014 pela World Federation of Neurology de forma a sensibilizar a população mundial para os diferentes temas que contemplam este assunto tão complexo.
Efetivamente, o cérebro assume um papel fundamental na nossa saúde pela sua componente psicológica e cognitiva devendo, portanto, ser do nosso maior interesse cuidar deste órgão vital que tanto influencia a nossa vida.
À medida que envelhecemos o nosso cérebro vai perdendo algumas faculdades e capacidades, o que é perfeitamente normal e expectável. Com o envelhecimento, decorrem algumas alterações fisiológicas e anatómicas que resultam em alterações sobretudo da memória. Contudo, quando o declínio das funções interfere não só com a atividade diária do doente como também com o seu grau de dependência, podemos estar perante uma demência e é então necessário fazer algum tipo de estudo nesse sentido.
A demência é uma patologia em que surge um défice cognitivo envolvendo uma ou mais áreas cerebrais: memória, linguagem, atenção, função psicomotora, função executiva, etc.
Desde 2011, a Assembleia Geral das Nações Unidas tem-se debruçado sobre o tema das Doenças Não-Transmissíveis, nomeadamente as Demências. Desde essa data tem havido uma preocupação crescente sobre vários aspetos que envolvem este conjunto de patologias centradas não só no doente, mas também no cuidador.
Este ano, foi publicado um artigo na conceituada revista científica “The Lancet Public Health” sobre a estimativa da prevalência da demência em 2050. Este estudo considerou 4 fatores de risco para o desenvolvimento de uma patologia demencial: grau de escolaridade, consumo de tabaco, IMC e níveis de glicemia, o que pode estar a limitar a análise estatística, contudo são dados excelentes e que nos permite refletir sobre o futuro desta patologia.
Os resultados deste estudo revelam que, a nível mundial, o número de indivíduos com o diagnóstico de demência aumentaria de 57,4 milhões de casos em 2019 para 152,8 milhões de casos em 2050. Em Portugal, a estimativa que foi realizada foi de uma subida de 200 994 casos em 2019 para 351 504 em 2050, ou seja, um aumento para quase o dobro de pessoas com demência. São números bastante expressivos e que nos levam a refletir as prioridades em Saúde, sobretudo numa população que tendencialmente tem vindo a tornar-se mais idosa, com o aumento da esperança média de vida.
Tendo isso em conta, os países ocidentais têm mostrado uma preocupação crescente nesta área desenvolvendo Estratégias Nacionais ao combate à Demência.
Em Portugal, o Ministério da Saúde aprovou em junho de 2018 a “Estratégia da Saúde na Área das Demências”. Este programa tem por base a melhoria na articulação entre os Cuidados Continuados Integrados, os Cuidados de Saúde Primários, o utente e o cuidador de forma a garantir uma melhor qualidade de vida a este grupo de doentes.
Os 4 pilares desta estratégia nacional remetem para a identificação precoce da doença, o diagnóstico integrado, o planeamento de cuidados e a intervenção terapêutica. Este último ponto, subdivide-se ainda em 3 aspetos: as respostas de proximidade (que podem ser dadas pela comunidade, domicílios ou unidades de dia), as respostas de institucionalização (em doentes que não necessitam de hospitalização, mas também não têm condições de voltar ao seu domicílio) e as respostas de Cuidados Paliativos (que são cada vez mais importantes no que diz respeito ao conforto e dignidade da vida do doente).
De forma a melhorar a prestação de cuidados na área da demência é realizado um Plano Anual e Regional adaptado às necessidades de cada uma das cinco Administrações Regionais de Saúde, permitindo uma aproximação da população afetada pelos diferentes tipos de Demência.
Assim, torna-se imperativo um investimento maior nesta patologia não só a nível nacional como também internacional, consciencializando a população sobre o impacto que esta doença tem na nossa sociedade no presente, mas principalmente, que terá no futuro.
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