Calor em Espanha já matou mais de 500 pessoas, afirma primeiro-ministro

20 de Julho 2022

A onda de calor que atinge Espanha há quase 10 dias matou “mais de 500 pessoas”, disse hoje o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, durante uma viagem a Aragão, região norte afetada por um incêndio.

“Durante esta onda de calor, mais de 500 pessoas morreram devido às temperaturas elevadas”, disse, citando uma estimativa do Instituto Público Carlos III, que faz um cálculo estatístico do excesso de mortalidade causado por causas específicas, como o aumento das temperaturas, comparando esses números com séries estatísticas históricas.

“Peço aos cidadãos que sejam extremamente cuidadosos”, acrescentou Pedro Sánchez, reiterando que “a emergência climática é uma realidade” e que “as alterações climáticas matam”.

A onda de calor em Espanha provocou temperaturas acima dos 45º e inúmeros incêndios que devastaram dezenas de milhares de hectares em todo o país.

Face à situação, o ministro da Presidência, Justiça e Interior da Comunidade de Madrid, Enrique López, pediu hoje ao Governo que assuma a coordenação de todos os incêndios florestais e solicite a colaboração da União Europeia.

“Não há que ter vergonha de pedir [ajuda], nós enviámos bombeiros para a Grécia e para Etiópia no ano passado, talvez tenha chegado a hora de pedirmos ajuda aos países menos devastados”, disse López numa conferência de imprensa a seguir ao Conselho de Ministros.

Segundo o responsável, a sucessão de incêndios no país justifica a ativação do nível 3 do plano de Proteção Civil de 2014, que implica que o Governo assuma a coordenação de todos os incêndios, o que poderá significar uma maior alocação de recursos do Estado e pedir ajuda à União Europeia.

A onda de calor na Europa começou no sul do continente, com particular incidência em Portugal e Espanha, especialmente durante a semana passada, tendo esta semana progredido para o centro europeu.

França registou na segunda-feira recordes absolutos de temperatura em 64 municípios localizados sobretudo na costa atlântica do país, com Paris a chegar a máximas de 41 graus Celsius, rigando moradores e turistas a procurar parques e áreas com sombra e água na capital francesa.

A temperatura registada foi 5ºC superior à média máxima habitual em julho e está perto do recorde de 42,9ºC que foi atingido em 2019.

Também no Reino Unido, acostumado a um clima ameno e de chuva, as temperaturas atingiram na terça-feira, níveis “sem precedentes”, subindo até aos 41ºC.

As temperaturas médias de julho no Reino Unido variam entre 21ºC durante o dia e 12ºC à noite, pelo que poucas casas e quase nenhuma das pequenas empresas têm ar condicionado.

Especialistas em clima alertam que o aquecimento global aumentou a frequência de eventos climáticos extremos, com estudos a mostrarem que a probabilidade de as temperaturas no Reino Unido atingirem 40ºC é, atualmente, 10 vezes maior do que na era pré-industrial.

LUSA/HN

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