Cerca de 3.500 medicamentos ou dispositivos ilegais impedidos de entrar em Portugal

21 de Julho 2022

O Infarmed e a Autoridade Tributária (AT) impediram a entrada em Portugal de 3.456 unidades de medicamentos ou dispositivos médicos ilegais, comprados na Internet, num valor superior a 10 mil euros, durante uma operação internacional com a Interpol.

Numa resposta enviada hoje à agência Lusa, o Infarmed adianta que nas ações desenvolvidas pelas entidades portuguesas em território nacional foram controladas 765 embalagens, das quais 68 durante a operação “Pangea XV”, que decorreu entre 23 e 30 de junho em 94 países pertencentes à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).

Segundo dados da Interpol divulgados quarta-feira, no total da operação internacional que visou sobretudo farmácias ‘online’ foram apreendidos mais de 7.800 produtos ilícitos ou falsos.

“Nas ações desenvolvidas pelas entidades portuguesas, foram controladas 765 embalagens, das quais 68 foram apreendidas durante a semana em que decorreu a operação e através do conjunto de encomendas inspecionadas foi possível impedir a entrada em Portugal de 3.456 unidades de medicamentos ou dispositivos médicos ilegais com um valor superior a 10 mil euros”, reforça o Infarmed na resposta à agência Lusa sobre dados nacionais desta operação.

O organismo alerta que, apesar de a AT e de o Infarmed continuarem a participar ativamente nesta e noutras operações de sensibilização e alerta para este problema, “há consumidores no território nacional que continuam a correr riscos e a comprometer gravemente a sua saúde ao adquirirem medicamentos pela internet em websites não autorizados para esse efeito”.

A participação na operação Pangea XV e a colaboração entre as entidades participantes em Portugal, segundo o Infarmed “demonstram a importância de dar continuidade à sensibilização do público e às ações de cooperação, a nível nacional e internacional, para combater este comércio ilícito, tendo em vista a proteção da saúde pública”.

A autoridade nacional do medicamento sublinha que todos os dias, a Internet é invadida por anúncios com medicamentos, seja nas redes sociais ou em ‘websites’ e que, encapotado nestas “apelativas estratégias de ‘marketing’, frequentemente escondem-se produtos fraudulentos que ameaçam gravemente a saúde dos consumidores”.

O comércio global de produtos farmacêuticos ilícitos é uma vasta e lucrativa área criminosa – avaliada em cerca de 4,4 mil milhões de euros, o que atrai o envolvimento de grupos de crime organizado de todo o mundo.

A operação para combater este fenómeno global, entre 23 e 30 de junho, em 94 países de vários culminou, de acordo com os dados fornecidos, com “a interrupção da atividade de, pelo menos, 36 grupos de crime organizado e com apreensões, em todo o mundo, de mais de três milhões de unidades de medicamentos e dispositivos médicos falsificados, potencialmente letais, com um valor estimado de oito milhões de euros”.

Dos dispositivos médicos apreendidos, destacam-se os testes para deteção da covid-19 e também máscaras de proteção individual.

O Infarmed salienta ainda que, durante a semana em que decorreu a operação, foram investigados mais de 4.000 ‘links’ de websites, maioritariamente de redes sociais e aplicações de mensagens, e encerrados mais de 700, contendo anúncios de produtos ilícitos.

Foram ainda inspecionadas cerca de 3.000 embalagens e 280 centros de tráfego postal em aeroportos, fronteiras e centros de distribuição de correio ou carga expresso.

A organização da operação iniciou mais de 600 novas investigações e emitiu mais de 200 mandatos de busca em todo o mundo.

Entre os medicamentos falsificados e ilegais, continuam a destacar-se os medicamentos para a disfunção erétil, com 40% dos produtos apreendidos, antibióticos, analgésicos, esteroides anabolizantes e medicamentos destinados a outras áreas terapêuticas.

A Operação Pangea XV, coordenada pela Interpol, foi apoiada pela Europol, a UNODC-WCO (das Nações Unidas) e pelo Instituto de Segurança Farmacêutica e também com a participação de agências policiais, autoridades aduaneiras e das autoridades reguladoras da saúde medicamentos dos 94 países participantes.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

MAIS LIDAS

Share This