Mais de 160 milhões de mulheres não têm as necessidades contracetivas cobertas

22 de Julho 2022

Mais de 160 milhões de mulheres e adolescentes no mundo não tiveram as suas necessidades contracetivas cobertas em 2019, revela um estudo que aponta a diferença entre regiões e “a lacuna” que continua a existir no uso destes métodos.

Os resultados do estudo, com base em dados de 1.162 entrevistas, foram publicados no The Lancet, num artigo que fornece estimativas sobre o uso, necessidade e tipo de contracetivos em 204 territórios e países entre 1970 e 2019, noticia hoje a agência Efe.

Os autores do trabalho lembram que viabilizar o planeamento da maternidade possibilita que as adolescentes permaneçam na escola e que as mulheres continuem os seus estudos e trabalho que, mais tarde na vida, levarão ao empoderamento social e económico.

Entender quais são os grupos etários cujas necessidades não são atendidas é vital para os agentes políticos se adaptarem e tornarem o tipo de contraceção acessíveis, acrescentam.

O estudo define a taxa de prevalência de contracetivos modernos como a proporção de mulheres em idade reprodutiva (15-49 anos) que usam métodos contracetivos modernos, incluindo esterilização, pílula, preservativos ou DIU (dispositivos intrauterinos).

Em todo o mundo, a proporção de mulheres em idade reprodutiva que utilizam métodos anticoncecionais modernos aumentou de 28% em 1970, para 48% em 2019.

A procura atendida aumentou de 55% em 1970 para 79%, em 2019.

Apesar dos aumentos significativos, as estimativas do estudo indicam que 163 milhões de mulheres que não usaram contracetivos em 2019 consideraram fazê-lo.

Annie Haakenstad, da Universidade de Washington, explica que os resultados indicam que onde uma mulher vive no mundo e a sua idade, continuam a influenciar significativamente o uso de contracetivos.

Por região, o sudeste asiático, leste asiático e Oceânia tiveram o maior uso de contracetivos modernos (65%) e atenderam à procura (90%), enquanto a África Subsaariana teve o menor uso de contracetivos modernos (24%) e resposta à procura (52%).

Entre os países, os níveis de uso de contracetivos modernos variaram de 2% no Sudão do Sul a 88% na Noruega.

A procura não coberta foi maior no Sudão do Sul (35%), República Centro-Africana (29%) e Vanuatu (28%).

O estudo conclui que, em comparação com outros grupos, mulheres e adolescentes entre os 15 e 19 e os 20 e 24 anos têm as menores taxas de procura atendida globalmente, estimadas em 65% e 72%, respetivamente.

Cerca de 43 milhões de mulheres jovens e adolescentes em todo o mundo não tiveram acesso aos contracetivos de que precisavam em 2019.

Por tipo, a esterilização feminina e os anticoncecionais orais foram dominantes na América Latina e nas Caraíbas, a pílula anticoncecional oral e os preservativos foram mais utilizados nos países com alto rendimento, enquanto os DIU e os preservativos foram dominantes na Europa Central, Europa Oriental e Ásia Central.

A esterilização feminina representa mais de metade do uso de contracetivos no sul da Ásia.

Além disso, em vinte e oito países, mais da metade das mulheres usaram o mesmo método, indicando que pode haver disponibilidade limitada de opções nessas regiões.

Para Rafael Lozano, também da Universidade de Washington, o estudo mostra que os anticoncecionais devem não ser apenas disponibilizados a todas as mulheres, mas também devem ser oferecidas as opções adequadas.

“Diversificar as opções em áreas que podem ser excessivamente dependentes de um único método pode ajudar a aumentar seu o uso, especialmente onde o método permanente é o mais utilizado”, sublinha.

LUSA/HN

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