Sindicatos dos médicos e Governo retomam hoje reunião para acertar negociações

26 de Julho 2022

Governo e sindicatos dos médicos retomam esta terça-feira a reunião para acertarem os termos das negociações, com as estruturas representativas dos clínicos a não abdicarem da exigência de incluir a tabela salarial no protocolo negocial.

Na última reunião, que decorreu em 13 de julho, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) avançaram com uma contraproposta ao protocolo negocial apresentado pelo Ministério da Saúde para que a grelha salarial desses profissionais fosse incluída nas negociações.

Perante isso, a reunião foi suspensa e será retomada hoje, com o secretário-geral do SIM a adiantar à agência Lusa que espera que agora o “protocolo chegue a bom porto” para que seja possível, na prática, dar início às negociações.

“A questão salarial é essencial, já que um médico especialista aufere cerca de 1.800 euros, o que, nos tempos que correm, não permite a sua mobilidade entre regiões”, um nível de vencimentos que faz com que, sobretudo, o setor privado seja “muito mais atrativo” do que o público, salientou Jorge Roque da Cunha.

Segundo disse, “finalmente o Governo reconheceu” a necessidade de negociar com os sindicatos questões da carreira médica, já que medidas como o aumento dos valores pagos pelas horas extraordinárias nos serviços de urgência “são pontuais”.

“O SIM entende que este é o momento de negociação” e não de contestação, salientou Roque da Cunha, para quem um acordo sobre esta matéria, assim como o reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), vai permitir “criar as condições para que haja menos médicos a sair” dos hospitais e centros de saúde públicos.

Após a última reunião entre as duas partes, a FNAM admitiu avançar para a greve se não for incluída a revisão das carreiras médicas e tabela salarial no protocolo negocial já no encontro de hoje com o Ministério da Saúde.

A estrutura sindical, que reuniu o seu Conselho Nacional, entende que o “Governo pretende negociar apenas medidas isoladas”, as quais “não têm tradução concreta numa melhoria real das condições de trabalho, nem numa remuneração justa e digna” dos médicos do SNS.

O Conselho Nacional mandatou a sua Comissão Executiva para declarar greve dos médicos caso estes requisitos não sejam “satisfatoriamente contemplados” na próxima reunião com as estruturas ministeriais, referiu na altura a FNAM em comunicado.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Prioridades para a Saúde nas Legislativas 2025: Propostas de Pedro Pita Barros

Pedro Pita Barros, especialista em economia da saúde e professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), propõe para as legislativas de 18 de maio um reforço do SNS, valorização dos profissionais, aposta nos cuidados primários e continuados, redução dos pagamentos diretos das famílias, estabilidade na gestão das ULS e consensos na saúde oral e mental, destacando a necessidade de medidas concretas e transversais

Carlos Cortes: Prioridades da Ordem dos Médicos para o XXV Governo

Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, defende que o próximo Governo deve apostar na valorização dos recursos humanos, na reforma da gestão do SNS e na centralidade da pessoa nos cuidados de saúde. Propõe políticas de retenção de médicos, autonomia de gestão e humanização transversal do sistema.

Prioridades para a Saúde: Propostas de Fernando Leal da Costa para o XXV Governo Constitucional

Fernando Leal da Costa, Professor Universitário e ex-ministro da Saúde, defende como prioridades para o próximo Governo: revisão da Lei de Bases da Saúde e do Estatuto do SNS, reforma administrativa, reforço da gestão local, digitalização dos processos clínicos, controlo estatal da ADSE, redefinição dos recursos humanos, avaliação da eficiência, renovação hospitalar e aposta na prevenção.

Legislativas / Propostas dos partidos para a Saúde

Com a saúde como tema prioritário nos programas eleitorais, os partidos com assento parlamentar focam-se no aumento da remuneração dos profissionais, com a esquerda a ir mais longe para fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os programas eleitorais divergem sobretudo em matéria de parcerias público-privadas (PPP’s) em que os partidos mais à esquerda querem o fim destes contratos com privados enquanto a direita defende a sua eficácia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights