Ensaio clínico indica que células estaminais podem servir como tratamento para a diabetes

31 de Julho 2022

Os resultados de um ensaio clínico recente indicam que as células estaminais mesenquimais podem vir a ser um potencial tratamento para a diabetes tipo 1.

Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, explica que o estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da administração intravenosa de células estaminais mesenquimais a doentes com diabetes tipo 1.

“Pela capacidade de regularem a atividade do sistema imunitário e poderem preservar a função das células produtoras de insulina, as células estaminais mesenquimais têm vindo a ser testadas em contexto de diabetes tipo 1″, refere a investigadora.

Neste ensaio, que teve duas fases, participaram 21 doentes recentemente diagnosticados com diabetes tipo 1, divididos em dois grupos. Inicialmente, o grupo A recebeu duas doses de células estaminais mesenquimais, e o grupo B recebeu solução salina (placebo). Após um ano, os participantes tratados com células estaminais receberam placebo, e vice-versa.

Os resultados do ensaio clínico demonstraram que o tratamento com células estaminais esteve associado a um melhor controlo dos níveis de glicémia, ao aumento dos níveis de moléculas anti-inflamatórias no sangue e, segundo os questionários respondidos pelos participantes, a melhorias na sua qualidade de vida.

O exercício físico regular foi outro parâmetro avaliado. Os participantes que realizaram mais de três horas e meia de exercício físico por semana, adicionalmente à terapia com células estaminais, registaram uma diminuição significativa dos níveis de hemoglobina glicosilada (o que indica um melhor controlo da glicémia), e aumentaram a quantidade de insulina endógena, comparativamente com os que não praticaram exercício físico dentro dos níveis recomendados.

Os resultados deste ensaio clínico indicam que as células estaminais mesenquimais da medula óssea têm efeitos benéficos em crianças com diabetes tipo 1, sobretudo se forem administradas numa fase precoce. Trata-se de um tratamento em fase experimental, sendo necessário realizar mais estudos que permitam a sua otimização, de forma que este possa ser incorporado na prática clínica.

Estima-se que mais de 13% dos portugueses, entre os 20 e os 79 anos, sofram com a diabetes.

PR/HN/VC

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