Em declarações à Lusa, Kátia Pinello, investigadora do ISPUP e docente no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), esclareceu hoje que o ‘website’, intitulado ‘Pet-OncoNet’, surge da lógica de ‘Uma Saúde’ (‘One Health’ em inglês) e da necessidade de preencher “uma lacuna de conhecimento nesta área”.
“Sentimos que os tutores se sentem perdidos ao lidar com o diagnóstico de cancro nos companheiros de quatro patas”, afirmou a investigadora, que é uma das coordenadoras do projeto.
Lançada para facultar informação “credível, rigorosa e útil” sobre os animais de companhia, a plataforma digital contempla, por exemplo, dados sobre as raças de cães com maior predisposição para o desenvolvimento de tumores, formas de detetar precocemente o cancro no animal de estimação, mas também informação sobre os ensaios clínicos em curso e os procedimentos para apoiar o animal durante o tratamento.
“O nosso objetivo é criar uma comunidade que estude e partilhe informação sobre a oncologia veterinária em todos os aspetos”, referiu.
Consultado pela Lusa, o ‘website’ mostra que em Portugal, os principais tumores nos animais de companhia são localizados na pele, aos quais se seguem os tumores mamários.
Além de facultar informação, o objetivo da plataforma é também caracterizar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de cancro nos animais e humanos.
“Cada vez mais, os animais são membros ativos da família. Essa mudança de atitude em relação aos animais faz com que se tornem bons modelos de investigação e considerados ‘sentinelas’ para o cancro, uma vez que estão mais próximos e partilham o mesmo ambiente que os humanos”, salientou.
Para que seja possível avançar com a caracterização dos fatores de risco, os investigadores estão a convidar todos os tutores e proprietários de animais de companhia – gatos e cães – a responderem a um inquérito epidemiológico, que estará disponível no ‘site’ até ao final de outubro.
Os resultados obtidos no âmbito do inquérito serão posteriormente publicados no ‘site’ da iniciativa.
Os investigadores querem ainda criar um “grupo de apoio psicológico” para ajudar os tutores a lidarem com o luto animal, questão que “ainda não é muito bem aceite”.
“O luto animal tem implicações ao nível da saúde pública”, observou, acrescentando que “é importante saber enfrentar o luto animal”.
Para poderem dar seguimento ao projeto, os investigadores necessitam, contudo, de ajuda financeira, estando prevista por isso a abertura de uma campanha de ‘crowdfunding’ no website Pet-OncoNet.
O site, desenvolvido em parceria com a Oncowaf e financiado pelo fundo belga para animais com cancro, é uma das interfaces da rede Vet-OncoNet, lançada em dezembro de 2019, com o objetivo de reunir informação sobre neoplasias presentes em animais de companhia e criar um registo oncológico animal a nível nacional.
Com a colaboração dos médicos veterinários e dos laboratórios de diagnóstico que aderiram ao projeto, os investigadores tem conseguido criar um registo oncológico animal, sendo que o objetivo agora é envolver os proprietários nesta rede, por forma a compreender melhor os fatores de risco comuns para o desenvolvimento de cancro nos animais e seres humanos.
LUSA/HN
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